Queremos fazer a diferença, queremos ajudar o outro, queremos ser reconhecidos, e fazemos isso sem nos atermos aos detalhes. Mas não deveria ser assim? Poderia você perguntar. Talvez sim, talvez não. Todavia, não seria essa a pergunta a ser formulada. Antes sim: faço isso por amor, isso realmente me faz bem? É quase certo que você responderia que sim, e acredito em você. Mas, quais serão as consequência desse ato? Cabe aqui uma segunda pergunta: isso faz bem para o outro? A reposta parece óbvia. Sim, isso certamente fará bem ao outro, dirá. Será? Se isso torná-lo passivo? Se isso torná-lo dependente? Fraco, inútil, sem dignidade. Isso o fará bem? E uma última pergunta: o outro requereu sua ajuda?
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Não quero aqui, de forma alguma, fazer apologia contra o altruísmo. E se essa for a aparência, enganam-se, pois, se reparar bem, este é um texto do mais puro altruísmo. Nada pior do que fazer o mal, quando acha estar fazendo o bem. Tanto para si, como para o outro. A ignorância pode ter muitas funções: salvar, escravizar, punir, matar ou causar muitos danos, entre outros. Libertar-se dela, nos torna mais humanos, mais lúcidos, mais assertivos. Quando agimos sem esse cuidado, o altruísmo torna-se um vício, no sentido filosófico, contrapondo-se à virtude. Portanto, apenas a lucidez, o bom senso, fazem do altruísmo uma ação louvável, do contrário, ele te torna ladrão de responsabilidades.
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Assumir a responsabilidade do outro
Quando você assume a responsabilidade do outro, incorre em duas consequências. Retira a possibilidade e a autonomia do outro em resolver seu próprio problema, o que o deixa impotente e passivo. Segundo, que você acaba por acumular responsabilidades, o que com o tempo, traz um peso demasiado com efeitos danosos. Um caminho difícil de sair. O que no começo era apenas um favor, torna-se no decorrer, uma obrigação. Você é cobrado, gera expectativas no outro. Se não fizer, sente-se culpado. O que antes fazia por amor, torna-se um dever.
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O Altruismo
A saída para tornar o altruísmo verdadeiramente uma virtude, é ajudar o outro a encontrar a si mesmo, a levantar por si mesmo. É despertar nele a confiança, segurança, fazê-lo perceber que é capaz de fazer, de agir por sua própria força e vontade. Você pode muni-lo de informações, fazendo-o perceber o real, onde está e onde pode chegar. Fomentar o raciocínio, criar alternativas, buscar ferramentas no próprio passado, vislumbrar possibilidades futuras.
Ajudá-lo a se levantar para que enxergue mais longe, retirar vendas para que veja com mais clareza. Torná-lo ativo, vivo, motivado, sujeito do processo de mudança e transformação. Difícil? Talvez sim, mas a liberdade, todos sabemos, é uma conquista, e por vezes árdua. Claro, seria mais fácil dizer: “Ah! Deixa que eu faço para você”. Mas isso produziria dois escravos. O bem aparente e presente, se tornaria o mal explícito dentro em breve. Espíritos livres são forjados, e para isso é necessário o esforço, a ação, a vontade, a persistência.
Odair J. Comin
Psicólogo Clínico, Especialista em
Hipnoterapia e Escritor.
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