O Quanto Realmente Somos Livres
Porque você é se comporta de determinada forma?
O quanto realmente temos controle sobre nossas vontades e desejos? A verdade é que quando nos damos conta o outro está a nos dizer o que pode e deve sentir, o que pode comer, beber, comprar, ler, o que deve ou não falar, como deve pensar, como deve se comportar, se deve ou não sair para se divertir e com quem, o que pode ou não fazer, em quem deve confiar, ou seja, total controle sobre nossos modos, hábitos, costumes, princípios e crenças, que aliás, também são impostos e nem percebemos. Acabamos achando que pensamos de determinada forma porque assim queremos, e quem nos ensinou a pensar? Quem nos educou? Quem disse em que devemos ou não acreditar?
Somos permeados por interesses, interesses sociais, políticos, econômicos, religiosos, ideológicos e tantos outros. Ouvimos dizer e dizemos com muito orgulho que vivemos num país livre, direitos claros e respeitados. Sim, temos direito a uma casa para morar, mas será que temos condições de construí-la? Temos a liberdade de ir e vir para onde quisermos, mas temos condições de comprar a passagem e pagar a estadia? Que tipo de liberdade afinal é está? Que direito? O que cada um entende como liberdade?
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Afinal de contas, que liberdade temos nós, se desde que nos conhecemos por gente, somos educados a pensar mediante princípios ideológicos pré-estabelecidos, princípios que beneficiam alguns pequenos grupos dos quais talvez, teremos a mínima chance de fazer parte? Somos ensinados a pensar só o já pensado. Ensinados a irmos só até onde os outros já foram. Pois ir além é perigoso. “Quem é você para pensar diferente”, dizem eles. Pensar diferente significa revolucionar, e ninguém quer ver ameaçado seus impérios conquistados, que na verdade foram forjados por braços alheios. Somos educados para nos tornarmos escravos do trabalho, para assim manter tudo funcionando como deve ser.
Em verdade, cada pessoa deve se perguntar o porque de estar agindo de determinada forma, e com isso, perceber se é necessário mudar ou não. Se este princípio é seu ou foi-lhe imposto contra vontade. Se suas crenças são limitantes ou propulsoras. Se o que pensa é bom ou ruim para si mesmo, se traz alegrias ou sofrimentos. Cada um deve ser responsável pelo que é, e pelo o que poderá ser, assim como pelo que já foi. Colocar a culpa no outro é uma posição por demais confortável e dificulta a mudança, pois não há reconhecimento do erro. Quando você assume, pega para você o controle da sua vida, podendo então vivê-la, podendo então conduzi-la por si mesmo.
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Liberdade e Livre Arbítrio
Talvez a liberdade de ação seja a mais difícil de conseguir, pois não depende apenas de nós…
Liberdade parece não combinar com limites, entretanto, sem limites não há liberdade. O adolescente quer mais liberdade, porém sem alguns limites dos pais ou da sociedade nunca será livre. A liberdade deve ser encarada de forma diferente em distintos ambientes. Ser livre não é fazer o que bem entendemos, antes, é preciso ter consciência desse querer e para quê se quer. O adolescente precisa de limites porque talvez ainda não saiba ser livre.
Muitas vezes, dependendo da situação somos obrigados a abolir nossa liberdade. No trabalho somos cerceados todos os dias de forma intensa pelo chefe, que a toda hora cobra mais e mais desempenho, mais e mais trabalho, mais e mais resultado. Fulano percebe-se “escravo” e tolhido em seus direitos, pode até pensar em deixar o emprego. Ao mesmo tempo em que lembra-se da família, da mulher, dos filhos que precisa sustentar. Como fica a liberdade neste momento? As pessoas acordam todas as manhãs, trabalham durante o dia, dormem durante a noite e sonham serem livres. Mas na realidade, esta liberdade não passa de uma jaula com barras invisíveis. Talvez a liberdade de ação seja a mais difícil de conseguir, pois não depende apenas de nós, temos o outro, temos a sociedade, que em prol da liberdade de alguns, escravizam muitos outros.
A espontaneidade do querer depende muito mais de cada pessoa em si. É querer o que se quer, e portanto, não querer outra coisa. É poder estar com a mulher que ama e não querer estar com outra. É querer estar de férias no campo e não querer estar na praia, é estar estudando Robótica e não querer estudar Medicina. Para isso a autoconsciência tem papel primordial, sem ela essa liberdade do querer não é possível, porque ambas caminham lado a lado. Se quero trabalhar em determinada empresa, se foi eu quem a escolhi, quero livremente, se quero fazer Robótica, foi eu quem escolhi, portanto, uma escolha livre, quero o que quero.
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O livre-arbítrio na verdade vai falar sobre escolhas, “ser capaz de querer outra coisa que não a que se quer”, diferente de querer isso e não querer algo diferente, mas sim ter possibilidades de mais escolhas se caso a primeira opção não der certo. Esta também depende de cada um, todavia nem por isso fácil, pois exige um conhecimento de si ainda maior. Conhecimento não só para querer o que se quer, não só para ser capaz de criar novas possibilidades, mas também como fará isso e que conteúdos deverá aprender para que essa liberdade de pensamento ocorra. Entretanto, talvez a questão primeira não seja discutirmos sobre livre-arbítrio em si, se as pessoas têm ou não, ou se elas devem ter ou não, antes sim, discutirmos o que precede o livre-arbítrio e as outras formas de liberdade.
Discutirmos sobre a educação do ser humano e como ele é encarado pela sociedade, em que tipo de ambiente ele cresceu e cresce. Quais são e quais foram as aprendizagens que teve durante a vida. Se crescemos aprendendo e tendo uma concepção de liberdade aprendida com a família e a escola, e agora a sociedade nos impõe coisas que não são nem um pouco livres, o que fazer? Vivemos numa sociedade utópica criada por alguns modelos de mundo que não passam de aparências. Na verdade não passam de um caleidoscópio refletindo o que a sociedade ou as pessoas esperam de nós, com obrigações disfarçadas de livre escolha.
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