Hipnose na Cura de Doenças
Por Carolina Tavares
Diferente do que muita gente pensa, o método não foi criado para realização de shows e espetáculos, mas sim para tratar problemas psicossomáticos e outras doenças
“Quando eu contar até três, você vai cair no sono…” Como mágica, uma pessoa comum fecha os olhos e fica disponível para que com ela seja feito aquilo que o profissional quiser, correto? Errado!
A hipnose não é realizada para que alguém tenha poder sobre o outro. Ao contrário disso, apenas será feito aquilo que o inconsciente do hipnotizado permitir. Na verdade, a técnica não tem como princípio ser instrumento de shows e sim de fazer parte de um tratamento terapêutico para doenças psicossomáticas de origem emocional.
Durante o transe, o paciente consegue quebrar de tal forma os próprios limites e crenças, que fica suscetível a novos experimentos e outras ideias. O especialista no assunto Dr. Bispo, que realiza o procedimento desde os 9 anos, explica que, na hipnose, são realizadas alterações na consciência.
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A concentração da parte racional do cérebro faz com o paciente vá perdendo a noção do que se passa em volta dele. Dessa forma, são bloqueadas as ações conscientes e o inconsciente passa a agir. “É como quando você está dirigindo por um caminho que já conhece faz tempo. Pensando em outras coisas, quando você menos espera já está em casa, pois o seu inconsciente dirigiu por você“, explica Dr. Bispo.
De acordo com o médico, o relaxamento é uma das melhores maneiras de se chegar à hipnose. Você pode conversar com a pessoa sobre um assunto que a distraia e gerar um grau de confusão na cabeça dela. Num determinado momento, ela entra em estado de quase sono, mas não chega a estar dormindo.
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O especialista em medicina psicossomática e hipnose clínica, Leonard F. Verea, conta que o objetivo da hipnose é criar uma ligação com o inconsciente. “A nossa mente possui um lado racional e um emocional. Esse último é quem condiciona a nossa vida em situações que não podemos controlar, como ficar vermelho ou se apaixonar”.
Quando a razão não aceita coisas que a emoção faz acontecer, a mente acaba em conflito e os problemas são gerados. É aí que entra a hipnose para ajudar a resolver esses conflitos diretamente na fonte do problema.
Como se faz?
O que é?
“A hipnose é um conjunto de fenômenos específicos e naturais da mente, que produzem diferentes impactos, tanto físicos como psíquicos. Esses fenômenos poderão ser induzidos ou auto-induzidos através de estímulos provenientes dos cinco sentidos, sejam eles conscientes ou não”. Odair J. Comin.
Há dois tipos básicos de hipnose. As técnicas indutivas da hipnose tradicional se utilizam da comunicação verbal através de sugestões dirigidas às estruturas conscientes da mente da pessoa. Já na hipnose dinâmica, o processo é realizado através de atos comunicativos dirigidos às estruturas inconscientes.
As diferenças não param por aí. No primeiro caso, são necessários de 20 a 30 minutos para a indução, já no segundo, três ou quatro minutos é o suficiente.
O psicólogo e especialista Odair José Comin explica que há várias formas de se chegar ao estado hipnótico. Uma delas é a diminuição dos estímulos externos, por isso pede-se para o paciente fechar os olhos. Também existe o relaxamento, principalmente corporal. O cansaço também pode levar à indução, sendo a técnica mais utilizada na hipnose clássica, quando a pessoa passa a olhar para um ponto específico, fechando e abrindo os olhos ou seguindo um pêndulo.
A atenção dirigida é mais uma técnica que leva ao processo hipnótico e inclui sugerir ao paciente que entre em contato com algumas imagens, como uma praia, um campo ou outra que dê prazer à pessoa. Outra forma é a confusão, servindo para que se possa quebrar o padrão lógico que a mente tem do problema, conduzindo posteriormente a uma solução. Por último, está o transe, na medida em que se dirige o pensamento para um ponto específico com um pensar intenso.
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Conseguindo resultados mais rápidos
O mestre em hipnoterapia pelo Instituto Milton Erickson do México, Marco Paulo Alvim Reis, afirma que “todas as técnicas, basicamente, levam ao estreitamento do campo da consciência do sujeito, de modo que o terapeuta passa a ser o foco principal de atenção”.
Os profissionais autorizados a aplicar o procedimento são psicólogos, médicos ou dentistas. Um dos benefícios é a rapidez na cura. Os especialistas contam que, segundo pesquisas, o processo consegue resultados mais rápidos que qualquer outro tipo de terapia, por ser centrado na solução do problema específico, além de possibilitar relaxamento terapêutico e o autoconhecimento.
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Teoricamente, todos podem ser hipnotizados, desde que o responsável saiba o método viável para cada paciente. As pessoas que dificilmente serão conduzidas ao estado são aquelas com dificuldade em articular os próprios pensamentos, como doentes mentais graves, psicóticos ou pessoas com lesões cerebrais.
Para os profissionais que queiram aplicar a hipnose, existem cursos específicos, como os dos vários institutos Milton Erickson espalhados pelo Brasil.
“A hipnose vem como um intermediador dos diferentes níveis de armazenamento de informações, podendo trazer à tona lembranças há muito esquecidas, que podem ser revividas e ressignificadas, o que poderá auxiliar na mudança e transformação do paciente“, completa Comin.
Fonte: Site Guia da Semana.
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