Rivalidade entre irmãos
Por Danilo Barba
Tudo começa com o ciúme: para o mais velho, aquele que chega vem para destroná-lo – tirá-lo de seu posto
Para quem não sabe como é ter um irmão, é muito simples: basta imaginar o quão legal seria ter sempre alguém pra dividir os melhores momentos de sua vida – e provavelmente os piores também. Seja você o mais velho ou o caçula, as disputas e os embates nunca favorecem realmente a ambos e acabam por provocar as mudanças necessárias rumo à convivência em grupo.
É verdade que nestas fases e temporadas a gente tem vontade de mandar nossos irmãos para bem longe, lá para o Oriente, se pudéssemos! Sim, lá onde existem pessoas que comemoram o Dia do Irmão, principalmente na Índia, no dia 5 de setembro – este é o momento hindu de dizer ao irmão que você estará sempre lá, cuidando dele.
A comemoração ainda levará alguns meses para acontecer, mas assim como um irmão afastado há anos de outro, o AreaH não perdeu tempo e foi atrás de uma solução. Conversamos com Odair J. Comin, psicólogo clínico e autor do livro Mestre das Emoções (Giz, 2011) para saber quais são os esqueletos que guardamos no armário e podemos levar para a vida inteira.
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RIVALIDADE
Normalmente o início vem pelo ciúme. Para o mais velho, aquele que chega vem para destroná-lo – tirá-lo de seu posto, de sua zona de conforto. Ele o vê como um rival, e não como um processo natural de se adequar ao novo layout. Muito desse processo está ligado à maneira como os pais fazem a transição e que abordam o assunto ciúme. É claro que não é fácil explicar a situação nova, e inserir os irmãos em cada momento. Simplesmente deixar que o tempo ou a vida se encarregue de resolver, não é uma atitude saudável – se isso não for resolvido na infância, pode se estender pela fase adulta e por vezes se agravar. Com o ciúme pode vir a inveja, a vontade de vingança, a raiva ou mesmo ódio entre os irmãos.
A rivalidade se movimenta segundo motivos primários, como a atenção dos pais, se um acha que é preterido em relação ao outro. Quando um tem mais regalias que o outro, como o pagamento de faculdade ou a compra de um carro ou apartamento para um e não para o outro. Comparações como, seu irmão é mais inteligente, mais esforçado, mais bonito. Também evoluções pessoais tais como, conseguir um emprego melhor, comprar um carro ou casa melhor. De forma geral, tudo o que a sociedade vê como parte integrante do papel do homem e como conquista de forma geral. Se um irmão consegue e o outro não, terá conflito e competição.
MOTIVOS
Isso é bastante relativo, e dependerá de cada caso em especial. Porém, via de regra o orgulho e o ego são os principais motivadores. Cada um possui suas própria concepções a respeito do outro e não abre mão, pois fazer isso pode ser entendido como sinal de fraqueza. Um acredita que o outro é que deveria tomar a iniciativa, porque acha que o erro foi do irmão. Esse tipo de impasse pode se perpetuar por anos.
RESPONSABILIDADE
Existe uma hierarquia social pré-estabelecida de que o irmão mais velho deve ser responsável pelo mais novo. Isso é o que se convenciona a pensar e, de certa forma, é um bom conceito. Mas é claro que nem sempre é o que se vê. Por vezes vemos irmãos mais novos sofrendo bullying, sendo ameaçados de diferentes forma e até abusados. Contudo, salvo exceções irmão é sinônimo de responsabilidade, um cuidando do outro, sendo parceiros, se respeitando, se valorizando, se amando.
BRIGA ETERNA
Quando o ódio ocupa o lugar do amor, a saída está na razão. A razão é que pode orquestrar um entendimento, um consenso, uma clareza do que acontece. Ela possibilita o perdão, aplaca emoções que causam mal estar e as substitui por novas emoções, agora saudáveis. A família ou as pessoas envolvidas precisam desnudar-se de seus egos, de seu egoísmo, para então olhar além de si mesmos. Precisam aprender a conviver, abrir mão. Conectar-se com o presente, e deixar de ser fiel ao passado – este que machucou, que fez mal. É preciso absolver-se mutuamente, libertar-se do que foi e conectar-se com o que é. Construir uma relação a partir desse novo entendimento, desta nova forma de se relacionar.
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MALANDRAGEM FRATERNAL
Primeiro é preciso identificar que isso acontece e mesmo aceitar que é possível. Isso porque, relutamos em acreditar que nosso filho, nosso irmão, pai ou mãe seriam capazes de tal comportamento conosco. Sim, eles podem e fazem, e prática clínica de Comin o fez perceber que é mais comum do que se imagina. Ao identificar, por vezes é preciso traçar estratégias e enxergar o familiar como ele realmente é: aprender a lidar com essa situação.
A estratégia serve para decidir como irá se defender, e isso requer coragem para dizer não, para impor limites. É necessário fazer isso sem medo de retaliações, ou medo de perder. No âmbito geral, é provável que ele precise mais de você do que o contrário, e mesmo que ele se afaste, será por um tempo breve. Espere e ele voltará, e a partir daí poderão ter uma relação em um novo nível, onde você será respeitado e valorizado.
QUANDO CEDER?
Ceder é um dos caminhos, assim como manter a posição. É mais uma questão de buscar um meio-termo, com bom senso e inteligência. A verdade é que ambos estão no mesmo barco e a briga normalmente fará mal aos envolvidos. Na medida em que se colocam as percepções de cada um na mesa é que será possível verificar onde cada um poderá ceder e qual manterá sua posição atual.
COISA DE MACHO
De forma gerar as mulheres são mais competitivas entre elas, seja no mercado de trabalho ou numa festa. Contudo, no ambiente familiar e isso por ser algo cultural, a disputa maior é entre os irmãos homens. A cobrança é sempre maior para o homem, já que ele tem que ser capaz de se tornar o provedor. Isso significa entrar numa boa faculdade, ter uma carreira promissora, se destacar e ter um bom salário. Não que a mulher não seja instigada a isso, e também queira tais conquistas, no entanto o peso para o homem é bem maior. Por outro lado, tudo isso é uma questão de realização pessoal e superação para a mulher. Já para o homem trata-se de uma questão de honra, hombridade e capacidade de manter uma família.
DICAS PARA ATURAR O PENTELHO
- Relaxe, cada um precisa focar em suas próprias forças e objetivos e buscar seu espaço, seu destaque, independente do outro.
- Aprenda a enxergar o irmão como um aliado e não como rival, o que tornará a relação mais saudável.
- Se você se achar injustiçado, converse diretamente com os envolvidos, fazer intrigas, ou buscar aliados em outros familiares não é a melhor saída.
- Não tente atestar suas forças nas fraquezas do outro, isso é crueldade, covardia.
- Use o seu tempo para construir seu castelo, e não para destruir o do outro.
- De oportunidade para o amor fraternal ocupar espaço e te guiar. Você verá que viver assim é muito mais fácil e prazeroso.
Fonte: Portal AreaH.
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