Esperança: o algoz da felicidade
O que dizer da esperança. Para ler e refletir, cada um fará suas escolhas. Atemo-nos a alguns detalhes. A palavra esperança tem a raiz etimológica em sperare do latim – esperar. Portanto, esperança significa estar em modo de espera. Se alguém aguarda algo, significa que não tem. Se não tem, pode sentir falta, se sente falta, sofre. Ao fazer a junção, temos esperança igual a sofrimento. Se alguém espera algo, espera de alguém. Se assim é, não depende de si. Com isso, quem espera torna-se refém da esperança, que por consequência torna seu refém um ser passivo. E não para por ai, a esperança também produz a mais poderosa paixão: o medo. Quem espera tem medo – dará certo, dará errado? Conseguirei, não conseguirei?
Esperança e Felicidade
Viver na esperança é viver em um tempo que não existe, desejando coisas que não dependem de si, é assinar um cheque em branco para alguém que já o traiu várias vezes. A esperança então, se torna uma armadilha ardilosa. Isso porque, ela nos põe passivos, tira responsabilidades, ao mesmo tempo em que nos faz subservientes. Na esperança de um por vir melhor, se perde o essencial: o presente. E com isso, a triste constatação: não se vive, espera-se viver – um dia, quem sabe.
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A esperança é por essência, a antítese da felicidade, é seu contrário no sentido mais dissimulado, mais astuto, um algoz perverso. Um inimigo que escolhemos de bom grado, por isso confiamos. Ela dissimula bem, é sutil, e claro, nos enche de promessas. Somos vulneráveis à promessas, isso sabemos todos. O que ela nos promete é um mundo novo, uma situação financeira melhor, um emprego melhor, uma relação melhor. Ela nos promete a felicidade. E com o perdão da metáfora, é o diabo prometendo o paraíso. Somos seduzidos, queremos ser seduzidos e quem não se seduziria?
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Só a esperança não é o suficiente, é preciso a atitude de se manter vivo
Mas teria a esperança algum papel que não a de vilã? Talvez sim, mas isso não a torna imprescindível ou abole a ação. Imagine que você é um dos mineiros chilenos, presos pelo soterramento. A esperança é a primeira luz que se acende, por vezes bem vinda, isso porque talvez, não dependa apenas de você sair da mina. Você aguarda que alguém faça algo por você, te tire desse lugar, pois sozinho não seria capaz. Portanto, a esperança é válida se você estiver de “mãos atadas”. Mas ela não te salva do medo, do sofrimento ou da ansiedade.
Contudo, só a esperança não é o suficiente, é preciso a atitude de se manter vivo, de permanecer consciente do que precisa fazer no presente. Ao mesmo tempo, agarrar-se em pedaços de futuro: como uma esposa para cuidar, um filho para criar, um projeto a concretizar. Objetivos internos que nos fazem querer continuar vivos o máximo possível.
Podemos abolir a esperança, para isso, é necessário chamar toda a responsabilidade para si. Ter a predisposição para agir, para conectar-se ao presente. Planejar sim, e principalmente, executar. Mesmo que seu objetivo final esteja no futuro, ele só será possível se você fizer algo no presente.
Odair J. Comin
Psicólogo Clínico, Especialista em
Hipnoterapia e Escritor.
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