A Felicidade que Incomoda
Imagine que você encontre um amigo depois de algum tempo. Ele está cheio de novidades. Fala que acabou de conhecer uma pessoa maravilhosa e a relação vai muito bem. Mudou de trabalho e está no emprego dos sonhos, ganha muito mais e é chefe. Acabou de trocar de carro e logo irá mudar para um apartamento novo. De quebra, tem viagem marcada para as ilhas gregas.
Seja sincero consigo mesmo: qual o sentimento ai dentro, no seu íntimo, não precisa falar, é coisa que você pode guardar apenas para si. Se sua alma bateu palmas e seu coração palpitou de alegria, e você sorriu com um sorriso verdadeiro, que bom para você. Contudo, se teve pensamento e sentimentos de desconforto, um incomodo subjacente, ou um olhar de medusa afloraram, é para se questionar. Algo precisa ser mudado, para o seu próprio bem.
A Felicidade alheia que incomoda
Porque as vezes a felicidade alheia nos incomoda? Porque, em momentos, temos dificuldade em nos regozijar com as conquistas, com as alegrias do outro? Assim como somos capazes de posturas grandiosas, também somos capazes de eliciar nossa pequenez. Nos mostramos incapazes de lidar com nossas fraquezas, nossa incompetência, nossa passividade. Em verdade, nossa postura é exatamente o contrario do que diz o senso comum. Você já ouviu essa frase: “é nos momentos difíceis que se reconhece um bom amigo”. Contudo, nosso cérebro por meio de nossos sentimentos e ações contradiz essa máxima, e a frase mais correta seria “é nos momentos mais alegres e felizes que conhecemos nossos verdadeiros amigos”.
Se o seu amigo ficar feliz com a sua felicidade, então ele parece ser um bom amigo. E por certo tem suas próprias razões para ser feliz, ocupa sua mente com motivos para também ser feliz, tem seus próprios objetivos e isso faz com que se conecte com a sua própria vida e não se sinta vazio e triste para com isso tentar destruir o que é seu ou do outro.
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Quantos são aqueles mais dispostos em destruir o outro, ao invés de construir a si mesmo. É mais fácil destruir, dirão alguns. Sim, todos sabemos que é mais fácil. Mas será a única saída? É honrado fazer? É digno fazer? Sabemos todos que não. É preciso esforço para ser feliz, é preciso esforço para ter prazer, alegria.
Os que fazem a escolha de destruir, terão destruição dentro de si e ao seu redor. Simples assim, bem como, o contrário também é verdadeiro, se a escolha for construir. Será que a felicidade alheia nos incomoda porque somos infelizes? Não ficamos alegres com o outro, porque somos egoístas a ponto de desejar sermos nós, ao invés do outro? É para se pensar.
Por vezes o externo – o outro, é nosso termômetro, mas ele só reflete a temperatura que está dentro de nós. O outro pode servir de referencia, contudo, a fonte está dentro de cada um. O que você pensa sobre o outro é só um achismo, já esse mesmo pensamento direcionado a si mesmo, é uma certeza.
Um olhar lúcido para dentro de nós mesmos
Não deveríamos conviver em sociedade, sem antes exorcizar os demônios da inveja, do egoísmo, e porque não do mau humor. Essa limpeza interna nos põe mais prontos para conviver, coexistir e comungar com o outro, o que a vida oferece de melhor. Essa limpeza começa com atitude, claro. A ação é a mãe de todas as virtudes.
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Comecemos pois, com um olhar lúcido para dentro de nós mesmos, e admitir nossas falhas. Esse é o primeiro passo para libertar-se. Pergunte-se: qual a vantagem da inveja, qual a vantagem do egoísmo? Talvez encontre algumas, talvez não. Mas vale a pena? No final das contas, é certo que perdemos mais do que ganhamos.
E por incrível que pareça, tudo isso é uma questão de escolha. Sim, você escolhe. Seja de forma consciente ou não. Mudar posturas dentro de nós, só depende de cada um, depende da próxima escolha que irá fazer. Mudar é mais simples do que parece. Talvez difícil, seja sair da zona de conforto. É que não costumamos pensar antes de agir, deveríamos fazer mais. O raciocínio simplifica tudo, use a seu favor. Seja feliz com a sua felicidade, seja feliz com a felicidade alheia, e que bom quando se pode somar felicidades.
Odair J. Comin
Psicólogo Clínico, Especialista em
Hipnoterapia e Escritor.
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