Sugestão Hipnótica Reduz Conflito no Cérebro Humano
Parece não ser possível esquecer a ler, mas pesquisadores americanos dizem que conseguiram este efeito em algumas pessoas através da hipnose. Os pesquisadores — do Instituto Sackler de Psicobiologia Evolutiva do Weill Medical College da Universidade Cornell — disseram que ao contrário das descrições estilizadas da hipnose nos filmes, a hipnose é a habilidade de se concentrar intensamente em certas informações ao custo de ser indiferente a outras informações.
Amir Raz, o pesquisador chefe — que agora é professor assistente de neurociência clínica na Universidade de Columbia — disse que este estado de atenção concentrada ocorre naturalmente e com frequência quando uma pessoa está completamente envolvida em uma atividade, tal como fazer exercícios, meditar, comer ou ler.
“As pessoas entram em estados hipnóticos todo dia como parte de uma rotina normal”, disse Raz. No entanto, a habilidade de tornar-se hipnotizado por uma entidade externa é menos comum. Raz afirma que somente de 10 a 15 por cento dos adultos se qualificam como altamente sugestionáveis, enquanto que de 80 a 90 por cento das crianças o são. Raz afirma também que muitas pessoas consideram a sugestibilidade como algo ruim, temendo que isto possa significar que dessa forma podem ser manipuladas. Mas ele a descreve como um “dom especial de ser capaz de modular as ações do cérebro.”
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Tendências a sugestibilidade à hipnose
Para o estudo, publicado na edição do dia 12 de julho dos Protocolos da National Academy of Sciences, 16 adultos foram selecionados de um total de 90 voluntários de acordo com o índice dos mesmos na Escala de Grupo Harvard, que mede a sugestibilidade. Oito dos participantes atingiram, na escala, o grau de altamente hipnotizável, e oito outros o grau de menos hipnotizáveis.
Quando hipnotizados, era dito aos participantes: “Toda vez que você ouvir minha voz no sistema de intercomunicação, você imediatamente perceberá que símbolos sem sentido aparecerão no meio da tela. Para você estes se parecerão com caracteres de uma língua estrangeira que você não conhece.” Os participantes eram então hipnotizados e submetidos a um teste num computador enquanto que a atividade cerebral era gravada em um tomógrafo de ressonância magnética (fMRI). As instruções para o teste foram fornecidas verbalmente (de acordo com a sugestão pós-hipnótica) ou na tela do computador.
O teste consistiu em uma tarefa de Stroop (um teste de processamento automático amplamente usado desde 1935, no qual os nomes de cores são escritos com tintas de cores diferentes — e uma pessoa tem que dizer o nome da cor da tinta). O nome escrito da cor geralmente é diferente da cor da tinta — por exemplo, a palavra “vermelho” pode ser escrita em tinta verde. Raz afirma que mesmo se uma pessoa tentar não permitir com que as cores contraditórias afetem suas decisões, ainda assim a performance é muito influenciada por esta interferência.
Entretanto, para muitos participantes do estudo de Raz, a palavra escrita não era um problema. “Pelo menos para eles — e isto foi confirmado por várias vezes… eles juravam ‘de pés juntos’ que a palavra estava escrita em uma língua estrangeira”, disse Raz. Todos os participantes eram leitores proficientes da língua inglesa e todas as palavras usadas na tarefa de Stroop estavam escritas na língua inglesa. A diretiva para ler a palavra como se fosse estrangeira foi tão poderosa que Raz ouviu todo tipo de especulações quanto a língua do texto.
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Conflito entre a palavra escrita e a cor da letra
As imagens do tomógrafo, juntamente com o processamento dos itens do teste mais rápido e mais acurado, confirmaram que os participantes de fato não podiam ler as palavras. Michael Posner, o coautor do estudo, disse que tipicamente o conflito entre palavra escrita e cor em um teste de Stroop produz atividade no córtex cingular anterior, uma região do cérebro que desempenha um papel importante no processo de tomada de decisões. Com a sugestão pós-hipnótica em ação, no entanto, o córtex cingular anterior permaneceu inativo, bem como o giro lingual, que funciona no processamento de palavras.
“Pensamos que estas áreas são muito importantes no controle voluntário de processos de pensamentos”, disse Posner. Raz disse que apesar de que as sugestões pós-hipnóticas geralmente sumam com o tempo, ao final do experimento ele novamente hipnotizou os participantes e disse a eles para desconsiderarem quaisquer outras sugestões que havia feito antes.
Raz afirma que estes resultados podem também ser importantes para psicólogos clínicos que buscam mudar os padrões de pacientes com comportamentos arraigados no que tange a comer, dormir, fumar ou relações interpessoais.
“A habilidade de examinar um processo automático em sua fonte é um prospecto muito excitante”, concluiu Raz.
Fonte: sciencedaily.com
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