Síndrome do Pânico e Hipnose
A Hipnose Clínica oferece resultados rápidos e eficazes para o tratamento da Síndrome do Pânico
Síndrome do Pânico
O medo permeia nossa existência desde o nascimento até a morte, e um dos principais e mais real, é o próprio medo da morte. Ao mesmo tempo em que o medo nos protege dos perigos, ele nos paralisa frente a oportunidades, frente ao que poderia tornar-se um prazer. Por vezes, o medo nos impossibilita de saborear a vida como gostaríamos, de alcançar sonhos ou concretizar objetivos. Como disse, o medo permeia nossa existência, não porque vivemos em savanas pré-históricas, em meio a animais selvagens e carnívoros, aborígines canibais ou assolados pelas inúmeras pragas e doenças da Antiguidade.
Tal realidade era exposta, e as pessoas conviviam com ela, aceitavam-na de forma natural. O medo nos permeia atualmente, porque vivemos no mundo moderno, numa talvez falsa civilização, que não leva em consideração o Ser Humano e tenta ocultar as realidades que envolvem a dor, distanciando-nos da morte, por exemplo. A distância, tanto do assunto como da própria vivência, acaba por tornar a morte algo bastante temido.
Somando-se a isso, vivemos em uma sociedade que oprime e ameaça o indivíduo, modelos administrativos e modelos religiosos rígidos, castradores e que nos incute a culpa em escolhas e comportamentos que dizem respeito à liberdade do ser humano. O mundo moderno acaba por justificar o medo, o stress, a ansiedade e a síndrome do pânico. O pânico está sutilmente estampado nas páginas de jornais: “índice de desemprego sobe a cada dia”, “a violência cresce nas grandes cidades”, ou de forma escancarada e direta nos diferentes noticiários. “A guerra do terror faz mais vítimas”, “novas bombas explodem”, “o terror ameaça o mundo”. Ou seja, o pânico é semeado pelas mídias e disseminado pelas massas o tempo todo. O pânico está cada vez mais próximo, e sem a intenção de fazer parte da força que movimenta esta grande roda do pavor, o número de pessoas com esse mal tem se tornado mais e mais frequente em consultórios de Psicologia e Psiquiatria.
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Além dos sintomas característicos, a síndrome do pânico pode ser consequência de uma apreensão, medo, terror ou pavor, esses, ligados a perigos externos que nos paralisam ou nos preparam para a fuga ou enfrentamento. Além destes, há também a ansiedade generalizada e aguda, fobia e angústia, nestes, não necessariamente há um perigo externo e real, antes sim, são conflitos internos que por vezes não sabemos ou não entendemos suas origens.
A ansiedade é a sensação de que algo desagradável está para acontecer e o medo de um futuro incerto, trazendo um sofrimento antecipado, motivado por algo que ainda não aconteceu e que nem se quer sabemos o resultado. Entretanto, o sofrimento é atual e se inicia quando o indivíduo entra em contato com a informação, que pode ser a marcação de uma cirurgia, um encontro importante, uma entrevista de emprego ou aguardar uma resposta. A ansiedade também pode ser motivada por algo agradável, o encontro com a namorada, uma entrevista de emprego, enfim, a ansiedade faz parte de nosso cotidiano e até certo grau é normal, torna-se preocupante na medida em que começa a trazer sofrimento por longos períodos.
A angústia é o medo sem um objeto real, é um vazio, um “aperto” que não conseguimos identificar suas raízes. A angústia expressada por Sêneca, ou seja, aparece quando o ser humano pensa sobre a brevidade da vida, sobre a morte chegar antes de se ter vivido o suficiente, ou suficientemente uma vida bem vivida, que por vezes encontramos em pacientes com síndrome do pânico, ao relatarem a sensação de não estar vivendo de forma plena, não aproveitar a vida como deveriam, demonstrando estarem cansados da vida que levam ou mesmo perdendo os preciosos dias de sua existência.
A fobia é um medo exagerado e desproporcional à situações vividas no meio externo, e que a rigor não deveria trazer tais pensamentos e/ou comportamentos de medo, haja visto, serem situações onde a maioria das pessoas, ou os ditos “normais”, não teriam esse tipo de reação.
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As raízes da Síndrome do Pânico
Uma síndrome é caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas. A etimologia da palavra pânico vem da Grécia, Pã era um deus grego, sua aparição gerava instantaneamente grande medo nos que o viam. Portanto, pânico é um medo violento e repentino, gerador de grande ansiedade. O DSM-4, enumera os sinais e sintomas que comumente são percebidos em pacientes com Síndrome do Pânico, os quais devem se apresentar simultaneamente em número de pelo menos quatro: palpitação; sudorese; tremores ou abalos; sensação de falta de ar ou sufocamento; sensação de asfixia; dor ou desconforto torácico; náuseas ou desconforto abdominal; tontura ou vertigem; desrealização (sensações de irrealidade); despersonalização (estar distanciado de si mesmo); medo de perder o controle ou “enlouquecer”; medo de morrer; parestesias ou formigamento; e calafrios ou ondas de calor.
As raízes da Hipnose
A palavra Hipnose vem do grego hypnos, termo designado ao deus do sono, porém este foi um conceito utilizado no passado, quando se pensava que a hipnose assimilava-se ao sono, hoje sabemos que este conceito não é verdadeiro, e a hipnose não tem nenhuma relação com o sono ou dormir, hoje temos que a hipnose é um conjunto de fenômenos naturais e específicos da mente, que produzem diferentes impactos, tanto físicos como psíquicos. Esses fenômenos poderão ser induzidos ou auto-induzidos através de estímulos provenientes dos cinco sentidos, sejam eles conscientes ou não.
Individualizando o paciente
A hipnose tem se mostrado bastante eficiente no tratamento de pacientes com síndrome do pânico, com isso, cada vez mais as pessoas tem buscado na hipnoterapia a diminuição ou mesmo a cura de tal mal. Todo tratamento começa com a anamnese, ou seja, a colheita de informações a respeito daquele indivíduo em especial que é um ser único e, portanto, com uma realidade única. Quanto mais conheço meu paciente maior serão as chances de ajuda-lo. Cada indivíduo desenvolverá a síndrome do pânico por motivos diferentes, e essas razões precisam ser identificadas, sejam elas explicitas ou implícitas.
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É de suma importância conhecer a história do paciente, para assim poder vê-lo de forma mais transparente, conhecer as causas e os mantenedores da síndrome no presente e as possíveis projeções futuras que da mesma forma, além de manter a doença criam a possibilidade de se perpetuar por ainda mais tempo. Acredito ser importante compartilhar com meu paciente as percepções sobre sua própria realidade individual, que por vezes passa desapercebida. Mesmo porque com a democratização da informação, muitas vezes o paciente chega ao consultório com um diagnóstico já estabelecido ou mesmo padronizado. Tal diagnóstico conseguido por meio de livros ou internet. E além do diagnóstico acabam por trazer as razões que acreditam ser as causadoras da síndrome, às vezes essas percepções estão corretas, mas é necessário ir mais longe. Essas diferentes realidades e visões podem ser percebidas ou não pelo paciente. O trabalho terapêutico é desvendar a mente do paciente, além do que simplesmente é conhecido, falado ou expressado, buscando o insight, a mudança, a transformação.
O paciente e o pânico
Para ilustrar, exponho agora um caso clínico de paciente com nome fictício, que busca a hipnoterapia como forma de tratamento, envolvendo anamnése, diagnóstico, aprendizagens necessárias, estratégia e intervenção:
Anamnese: É a história de vida e a história do problema do paciente. Pedro de 32 anos sai de casa e dirige-se para o trabalho, guia o carro enquanto no rádio ouve um jogo de futebol. Antes de sair de casa havia discutido com a esposa como frequentemente acontecia. Aparentemente Pedro estava bem, porém nervoso com o jogo, pois seu time estava perdendo, quando de repente sai um gol. Pedro explode numa descarga de alegria, esta depois de alguns segundos provocou certo mal estar. O corpo começou a formigar, seu coração começou a bater mais forte, e sentiu seu peito apertado, começou a soar frio e sentir falta de ar, pensou que estava tendo um enfarto e teve medo de morrer, ficou totalmente desesperado.
Pedro desceu do carro e pediu ajuda. Depois de repousar por cerca de 30 minutos; sentiu-se melhor e dirigiu-se para o trabalho. A partir deste dia, os sintomas de pânico e as sensações de mal estar tem sido frequentes em diferentes momentos, chega a ter receio até mesmo de comemorar qualquer evento com medo de que as sensações voltem. Este é um exemplo de como um ataque de pânico pode acontecer, mostrando um conjunto de sinais e sintomas que caracterizou-se em síndrome do pânico. Acontece normalmente desta forma, sem um grande motivo aparente, “do nada” como relatam os pacientes, em situações banais e corriqueiras do cotidiano, o que acaba por restringir o convívio social e profissional do indivíduo com este mal.
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Pedro está casado há 12 anos, tem um filho de 10 anos de idade. Relata que seu casamento vai mal desde o quarto ano de casado, ou seja, há 8 anos não vive uma relação conjugal saudável. Diz ter perdido o apetite sexual, sente-se ansioso, estressado, deprimido e carente afetivamente. Relata não ver mais sentido na vida que leva. O pai sempre foi bastante distante, e via no avô que morreu há 18 meses o pai que não teve, sendo este quem o ensinou a crescer e ser homem. Diz ter sofrido muito com a morte do avô e sente muita falta. Pedro relata que se mantém na relação com a esposa por pena e pelo filho, acha que as consequências seriam drásticas para eles caso houvesse uma separação e tivesse que crescer sem um pai por perto e a esposa, por ter problemas de saúde. Há algum tempo o casal comentou com o filho a hipótese da separação, ao que este respondeu negativamente mantendo por certo período um comportamento agressivo, por isso não retomou o assunto.
Todavia, não consegue passar muito tempo com o filho, praticamente vendo-o no final de semana, pois trabalha e faz uma nova faculdade à noite, e diz que os momentos que consegue ficar com ele, são improdutivos e sente que não está dando seu melhor, pois está sempre cansado e desanimado. Em relação a esposa, diz não sentir atração alguma a repelindo quando esta tenta uma aproximação, não vê sentido na relação, dizendo que a separação é certa e que aguarda apenas um melhor entendimento do filho (enquanto isso acaba por anular a si mesmo) e continua mantendo uma relação desprazerosa. Para Pedro a esposa já “morreu”, a relação morreu, seu sonho de família morreu, por este fato fica muito decepcionado, pois se diz “muito família” tendo apostado sua vida nesta relação que viu desmoronar.
Diagnóstico: O diagnóstico nada mais é que a identificação das possíveis causas que levaram o paciente a desenvolver a síndrome, e isso é feito a partir de uma observação da realidade individual e única do paciente, isto é, a história de vida do paciente colhida por ocasião da anamnese falada ou emitida por meio de comportamentos durante a sessão. Além dos sintomas já descritos, é muito comum em pacientes com síndrome do pânico, de alguma forma a morte estar envolvida, seja ela real ou simbólica. No caso citado aconteceram ambas, tanto a real que foi a morte do avô, como a simbólica que foi a relação conjugal, envolvendo o sonho de ter uma família. Além desses eventos estressores específicos e pontuais, existem todas as circunstâncias de sua vida. As brigas, uma relação afetiva apenas de aparências, tendo que manter-se numa posição que não gostaria de estar, tendo que abnegar de sua vida pelo filho, e a própria faculdade que diz fazer para fugir do convívio com a esposa. Esses são aspectos importantes que deverão ser observados para que a terapia aconteça.
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Aprendizagens Necessárias: O paciente chega com uma história de vida, com formas de pensar já estabelecidas e com aprendizagens adquiridas no decorrer da sua vida. Muitas vezes acaba por criar enumeras armadilhas para si mesmo, que envolvem medos e culpas, com isso não consegue se desvencilhar. Os pensamentos e aprendizagens acabam por envolver sentimentos de dor e tristeza. A síndrome do pânico vem como um pedido de socorro da mente e do corpo, para que providências sejam tomadas em relação à vida que o indivíduo esta levando. Faz-se necessário novas formas de pensar, novas aprendizagens que trarão novas experiências de vida, que possibilitem formas de pensar mais lúcidas frente a tudo o que permeia a sua vida e que está lhe provocando sofrimento. O hipnoterapeuta deve ter claro quais sãos os pensamentos e aprendizagens necessárias à mudança do paciente, ou seja, a superação do problema.
No caso do paciente em questão, talvez fosse necessário este pensar sobre a vida que está dando a si mesmo, ao filho e a esposa. O paciente não toma decisões para não trazer sofrimento ao filho, com isso se martiriza e neste caso mais cedo ou mais tarde o sofrimento é inevitável, em qualquer separação que envolva amor, a dor é inevitável. E que consequências sua relação sem amor com a esposa poderá trazer ao filho ou mesmo está trazendo? Pensar sobre sua postura frente à relação, onde não consegue ser pai, ser marido ou mesmo homem, como senhor de si mesmo. Essas circunstâncias geram stress, ansiedade, medo, angústia, enfim, sentimentos que levam a uma pressão interna, onde o corpo e a mente não suportam, com isso, os sinais e sintomas da síndrome do pânico vem de forma arrebatadora. Há que refletir, há que buscar saídas, escolhas mais saudáveis, decisões que podem ser a priori dolorosas, porém que a fortiori possam trazer a sensação de liberdade e vida saudável para o paciente.
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Estratégias: A estratégia é o plano a ser elaborado com início, meio e fim, tendo como objetivo, alcançar uma meta; no caso, a solução do problema ou cura da doença. Depois de identificar quais pensamentos e aprendizagens serão necessários ao paciente, o hipnoterapeuta deverá montar uma estratégia a partir da realidade individual do paciente para que o conteúdo seja passado e assimilado pelo mesmo, e assim chegar a novas conclusões para sua vida.
Intervenção: Depois de traçar a estratégia, o hipnoterapeuta realiza a intervenção, que pode ser feita de diferentes formas. As estratégias poderão envolver comentários, pontuações, frases, exemplos, histórias ou metáforas entre outros, estes podem ser feitos com o paciente em relaxamento, transe e hipnose ou fora deles. Mesmo certas perguntas poderão provocar no paciente novas articulações, consequentemente novas percepções e possibilidades. Portanto, as perguntas também são estratégicas e podem servir tanto para diagnosticar como para intervir. A comunicação do conteúdo da estratégia pode ser feita de forma direta procurando mostrar ao paciente o que ele ainda não consegue perceber sobre a vida que leva, as circunstâncias, as possíveis causas, os mantenedores e a forma de pensar que o leva para o sofrimento. De forma indireta sem que o paciente perceba, neste caso utiliza-se para pacientes que desenvolvem mecanismos de defesa ou possui resistência à mudança, e que sem esta a psicoterapia não acontece. Pode ser feita através de uma história que elicie no paciente os pensamentos, sentimentos e ações necessárias à mudança. Também de forma implícita que pode ser percebida ou não, esta poderá ser um gesto, a entonação de voz em palavras específicas ou assuntos específicos. A intervenção poderá envolver o transe, relaxamento e fenômenos hipnóticos, que podem ser a hipermnésia, regressão de idade, sugestão pós-hipnótica, pseudo-orientação no futuro, progressão de idade, entre outros.
Possível Intervenção: O paciente comenta não haver mais perspectivas futuras, não consegue imaginar como será sua vida. Diz ter passado por muitas frustrações e que sente um sabor de morte. Ao mesmo tempo, diz que quando criança tinha muito prazer em jogar futebol, e na juventude gostava de pescar e praticar esportes radicais. Milton Erickson (pai da hipnose moderna) comentava que fica muito mais fácil provocar mudanças em nosso paciente quando conseguimos eliciar o que ele tem de bom. Não importa o pântano que o paciente trouxer que tenha sido a sua vida, o que nos importa é encontrar uma flor, uma árvore que frutificou ou frutifica, e que talvez não esteja sendo percebida pelo paciente.
Cabe a nós psicoterapeutas identificarmos e fazermos com que nosso paciente também perceba. Partindo deste principio, poderia se fazer uma regressão de idade, que é pensar no passado enquanto presente, ou hipermnésia que é pensar no passado enquanto passado. O objetivo é levar o paciente a vivenciar ou lembrar-se desses fatos que lhe trouxeram prazer para que possa novamente sentir um sabor de vida, de bem estar, isso poderá provocar no paciente novas articulações mentais e consequentemente novas aprendizagens em relação a sua vida, acabando por muni-lo de ferramentas e conteúdos, fortalecendo-o e percebendo do quanto é capaz e que pode lidar de forma diferente com seu presente. Muitos conteúdos são propostos pelo hipnoterapeuta, assim como conclusões que o paciente pode chegar por ele mesmo, o que é bastante eficaz e saudável.
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Quando o mérito fica com o paciente, este valoriza mais essas novas articulações do pensamento permitindo-se mudar com mais facilidade e trazendo a solução. Depois dessa experiência, com o paciente ainda em transe, traz-se o mesmo de volta para o presente, fazendo-o perceber o agora, já com essas novas informações, isso poderá possibilitar uma rearticulação da realidade. Pode-se ainda continuar a indução e levar o paciente para o futuro por meio do fenômeno hipnótico da progressão de idade, que é pensar no futuro enquanto presente, ou pseudo-orientação no futuro, que é pensar no futuro enquanto futuro. O alcance destes fenômenos ou dos anteriores, um ou outro, dependem da intensidade de focalização do pensamento que o paciente conseguir, nas situações de passado ou futuro.
Estando no “futuro”, mostrar as diferentes possibilidades que o paciente tem para desfrutar a vida, assim como permitir que por ele mesmo, possa vislumbrar e criar o futuro que deseja, como vai querer que seja sua vida quando se passarem 6 meses, 1 ou 2 anos, e o que terá que fazer para chegar a tal ponto. Desta forma, abre-se um espaço na mente para algo bom, positivo, algo que incite vida, sentido, prazer. Novamente traz-se o paciente ainda em transe de volta para o presente, permitindo que possa vê-lo com ainda mais recursos a realidade, e por ele mesmo buscar a mudança, a transformação.
Luto x Pânico
Sofremos porque nos apegamos, sofremos porque não conseguimos renunciar aquilo que não mais nos pertence, mesmo que não mais queiramos, algo nos prende e relutamos em abandonar, e é por isso que sofremos ainda mais no luto e por deveras torna-se mais trabalhoso sua elaboração. Tanto que evitamos, tanto que preferimos sacrificar nosso presente em prol de um futuro incerto: pode ser pior, mas também pode ser melhor, quem saberá. Tanto que por vezes preferimos a dor continuada ao prazer mesmo que efêmero e com possibilidade de tornar-se constante.
Constantemente estamos em luto, pois não é apenas na morte de um ente querido que ficamos de luto, mas também uma separação conjugal, a perda de um namorado ou namorada, a perda de um animal de estimação, de um emprego, há luto quando somos rejeitados, menosprezados, quando nos frustramos de forma geral, quando fracassamos, enfim, o luto faz parte constante de nosso viver, não que o prazer esteja sempre ausente. A elaboração, seria a busca de alternativas para viver sem esse algo ou viver de outra forma, e a não elaboração acaba por trazer o gosto continuado dessa “morte”, trazendo à vida o gosto de morte. E talvez o pânico venha exatamente por essa ausência de sabor de vida, ausência de sentido, de prazer.
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Se o sabor de vida nos falta, por certo, há presença de pânico, da morte eminente e os sintomas que nos fazem pensar que realmente a morte nos ronda. A morte nos desnuda da fantasia e nos põe frente ao real, ou seja, que somos mortais, a elaboração do luto é a aceitação desse real, o entendimento de que apesar de tudo nós, continuamos vivos, e podemos voltar a saborear a vida em suas múltiplas possibilidades: usufruir, triunfar, amar.
Referências Bibliográficas
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Fonte: Revista Psicologia Brasil.
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