Namoro à distância
Por Leonardo Meira
Encontrar o amor da sua vida não é fácil – e fica ainda mais difícil quando o amor mora longe. Veja sugestões de quem passou por essa situação.
Encontrar o grande amor é o sonho de muita gente. Missão nada fácil, vale a pena ressaltar. Além das tradicionais diferenças de temperamento e a busca do equilíbrio entre posições contrárias, outro ingrediente entra na história quando o cupido resolve flechar um coração longínquo: a distância.
Superar os obstáculos impostos pela localização geográfica é desafiador, mas há quem enfrente a parada e queira seguir com o relacionamento nessa condição. Aí, é preciso definir alguns critérios a se levar em consideração na hora de avaliar se o romance à distância tem chances de ir adiante.
De acordo com o psicanalista junguiano da Self Terapias (Brasília-DF), João Rafael Torres, deve-se destacar se o namoro “nasceu” à distância ou se essa foi uma contingência posterior. Além disso, seria interessante pensar se a distância é temporária ou não. “Um relacionamento iniciado nesses moldes pode oferecer grandes riscos. O primeiro deles é a projeção, ou seja, a pessoa não se apaixona exatamente pela outra, e sim pelo que queria que ela fosse. Por esse motivo, muitas vezes, quando o casal se conhece, o encanto termina. Na verdade, percebem que o romance era fundamentado numa idealização, e não na realidade”, explica.
Veja também: Hipnose Clínica e a Terapia Estratégica
Agora, se a distância for temporária ou acontecer após um relacionamento já instituído, a coisa muda de figura. “Nesse caso, o envolvimento preexistente será definitivo para superar a ausência do outro. Vejo três fatores fundamentais para o êxito: a confiança, a verdade e a troca. O casal tem de alimentar a cumplicidade a partir dos meios que lhe são pertinentes: internet, viagens curtas, etc.”, ressalta Torres.
Confiança é quase um mantra entre os especialistas quando o assunto é namoro à distância. “Pessoas inseguras, com baixa autoestima, dificilmente conseguirão levar adiante um namoro à distância“, complementa a coach de qualidade de vida (life coaching), Vanessa Versiani. Ela salienta que imaginar cenários negativos enquanto o companheiro está longe, como a possibilidade de estar com outras pessoas, só faz mal à relação. “Também é bom que ambos tenham disponibilidade para viajar periodicamente para se ver pessoalmente, pois o convívio pessoal é saudável para a relação”, receita.
Superar os problemas
Confiança e saudade costumam ser os maiores problemas em relações nesses moldes. A troca leal de informações é ingrediente fundamental para que o relacionamento se mantenha vivo. “O outro precisa fazer parte de seu cotidiano, dentro do possível. A verdade ajuda a validar o sucesso da história. É importante que o casal possa definir, claramente, quais limites serão respeitados. A lealdade é um pilar para qualquer relacionamento, presencial ou à distância. O problema não é uma traição em si, mas o engano”, opina João Rafael.
Se a distância é “problema”, a solução é procurar as facetas boas dessa realidade. Para o psicólogo clínico Odair Comin, a ênfase na conversa pode fazer com que o casal se conheça mais profundamente. “Muitas vezes, no convívio físico, isso não é possível. Os casais estão sempre voltados para atividades juntos, mas com direcionamento para o externo. A distância física pode possibilitar a proximidade emocional, um envolvimento maior com a visão mental do outro, de tal forma que isso preencha os espaços que a distância impõe“, acredita.
Mas, e quanto aos impactos da distância quando vier o próximo passo, que seria a vida a dois próximos fisicamente? “Aí vem a questão: ‘Onde vamos morar?’. Acredito que deva se utilizar o bom senso, o que será melhor para os dois. E nisso entra o que o casal valoriza, que pode ser a questão financeira, a qualidade de vida, mais oportunidades, o que será melhor para os filhos, etc. Enfim, é uma decisão a ser tomada em conjunto e que deve beneficiar a ambos”, avalia Comin.
Testemunhos
Pelo Brasil e mundo afora, são muitas as histórias de casais que namoram apesar dos quilômetros que os separam. O Yahoo! Selecionou para você cinco testemunhos de quem vive essa realidade. Confira:
Ana Lia e Felipe
Ana Lia Benini, 25 anos, e Felipe Bragagnolo, 24 anos, vivem no Rio Grande do Sul. Ela mora em Santa Maria, região central do Estado, e ele em Caxias do Sul, na Serra. No total, são 305km que separam os pombinhos. Eles namoram à distância faz mais de 4 anos. “A principal habilidade para essa relação é paciência e saber ouvir. O crescimento se dá de maneira mais lenta, mas também mais profunda, com raízes.”
Os jovens acreditam que um fator essencial na relação é como os namorados tratam um ao outro quando estão perto, se ocorre a troca recíproca de carinho, sem ciúmes exagerados. “Além da confiança, quando cada um está em sua cidade, pois esse é o pilar que sustenta o namoro à distância”, ressaltam.
Quanto aos possíveis temores do impacto da distância na futura vida a dois, Ana e Felipe acreditam que esse passo assusta um pouco qualquer um que esteja disposto a dá-lo. “Acreditamos que não seja algo tão diferente para o casal que namora à distância, pois, se as pessoas conseguem ter uma boa comunicação, namorar tempo suficiente para se conhecer em diferentes situações e demonstrar estar dispostas a encarar a vida a dois, é possível perceber poucas diferenças entre um casal que mora na mesma cidade e outro que não. Assim, conhecer o comportamento da pessoa e vivenciar situações diferentes é fundamental para que os impactos que a distância pode vir a causar sejam minimizados.”
Veja também: Hipnose: ilusão e realidade
Como principal ponto negativo da distância, eles apontam os momentos em que deveriam estar próximos para passar juntos, partilhar, sorrir, chorar. “Pelo fato da distância, temos de vivenciar estes momentos de outra forma.”
Já a saudade é indicada como um ponto positivo. “Quando nos reencontramos, sempre brincamos, rimos, ficamos muito juntos e cuidamos um do outro. O momento mais feliz é o da chegada, e o da saída é o pior. Mas, mesmo assim, o ponto ruim pode ser positivo, pois mostra o quanto amamos a pessoa e queremos ficar com ela!”
Paula e Reinaldo
A pequena Alice, de 6 anos, faz a alegria do casal Paula Belmino, de 37 anos, e Reinaldo Rodrigues, de 39 anos. Casados há quase sete anos, ambos se conheceram por telefone e namoraram sem se conhecer fisicamente por quatro anos.
Paula é natural do Rio Grande do Norte, e Reinaldo é de São Paulo. Mais de 2.000km de distância. Após todo o tempo de comunicação via internet e telefone, Paula criou coragem e viajou ao Sudeste para conhecer aquele que seria seu futuro esposo.
Paula e Reinaldo ficaram juntos por um mês, até que ela retornou ao Rio Grande do Norte. Chegando lá, descobriu que estava grávida. Contudo, acabou perdendo este primeiro filho. Ela, então, decidiu voltar a São Paulo para amenizar a dor e, quando estava viajando com Reinaldo no final do ano, ambos sofreram um acidente. “Precisei continuar em São Paulo para me tratar e percebi que a dor nos aproximou ainda mais. Ele cuidou de mim a cada dia durante os meses em que fiquei sem andar. Um ano depois, engravidei novamente, prestei concurso em São Paulo, nos casamos, formamos de verdade uma família e, hoje, somos felizes”, relata Paula.
“Quando se está longe e não se sabe ao certo quem é a pessoa, é necessário não dar muitas informações importantes sobre sua vida. Além disso, deve-se estar atento e pedir informações básicas sobre a pessoa, como foto e o que faz, para se conhecerem, levando em conta grau de instrução, família, trabalho, religião e afinidades. Mas, claro, sempre há um risco de a pessoa estar mentindo”, indicam.
Odivan e Valéria
Odivan de Costa, de 26 anos, e Valeria Muller, de 22 anos, namoram à distância há mais de dois anos. Eles sublinham que não se pode deixar diminuir o sentimento que sentem um pelo outro quanto não estão juntos pessoalmente. “A relação não pode se alimentar apenas da saudade, mas sim pela certeza do sentimento”, afirmam.
Ambos moram no Rio Grande do Sul. Odivan mora em Farroupilha, na Serra, e Valeria em Santa Maria, na região central do Estado. São 300km de distância. Quando a falta da presença bate no fundo do peito, são as mensagens de texto, telefonemas, conversas pela internet e acenos na webcam que ajudam a encurtar a distância. “É importante aproveitar ao máximo quando se está junto pessoalmente”, opinam. Se a companhia é uma falta tremenda, a intensidade da convivência quando se está perto é um modo de compensar o distanciamento.
Odivan já teve outro relacionamento à distância, que iniciou pela internet e não chegou a durar seis meses. “Nesse período, não houve a sustentação do sentimento e os encontros não eram mais satisfatórios, entre outros motivos, devido à distância”, revela. Mas, e desta vez, o que há de diferente?
Veja também: Por que a hipnose cura?
“Hoje, em meu relacionamento há pouco mais de dois anos e meio, creio que a flexibilidade de tempo é muito necessária. É preciso se encontrar periodicamente, à medida em que isso não prejudique os compromissos de trabalho e estudos de cada um. A quem se aventurar em um relacionamento à distância, é preciso estar firme e ciente com o que está se propondo e com o parceiro, bem como tolerar com compreensão quando acontecerem empecilhos que venham a não permitir estar juntos.”
Raphael e Bárbara
Raphael Dias de Oliveira, de 27 anos, e Bárbara Pirtouscheg, de 25 anos, já enfrentaram uma distância continental para levar adiante o namoro. Após namorarem à distância por três anos – ela em Ribeirão Preto (SP) e ele no Rio de Janeiro -, Bárbara concluiu a faculdade e teve a oportunidade de morar seis meses em Vancouver, no Canadá.
“Foi o maior período que ficamos distantes. Só após o retorno ao Brasil foi que tivemos a chance de ficar mais próximos. Em 2010, moramos no Rio de Janeiro e, desde 2011, estamos morando em Uberlândia”, contam. Para superar a distância, a receita também foi a conversa diária com o auxílio das novas tecnologias.
Como o relacionamento entre ambos já nasceu à distância, a dupla já sabia o que iria enfrentar. Para superar os problemas da distância, a receita foi focar em uma meta comum: estar disposto a tentar e fazer dar certo.
Para se ter uma ideia, quando Raphael se formou na universidade, Bárbara não pôde estar presente, pois estava no Canadá. E Raphael também não teve como visita-la, pois teve o visto negado para viajar ao país. “Principalmente nesse período, existia uma expectativa sobre como iríamos lidar com isso. Mas, com a experiência que já tínhamos do nosso próprio relacionamento, foi possível superar essa dificuldade.”
Fonte: Yahoo Brasil.
Agende sua Consulta com o Dr. Odair Comin