Hipnose, muito além de um cochilo
Por Eduardo Gois
Ao iniciar um processo terapêutico, existe diante do profissional de psicologia um ser único e com diversos aspectos internos. Por mais vastas que sejam as semelhanças entre os humanos, a interação com o mundo e com os outros é única para cada um.
O mais indicado é que a terapia seja feita sob medida para cada paciente. Para algumas pessoas é mais fácil chegar aos objetivos passando pela hipnose, que atualmente é uma importante ferramenta para tratar de ansiedade, transtornos e diversas patologias.
Os primeiros passos da Hipnose
A hipnose começou desde os tempos em que os homens usavam seus rituais de transes para sair de seu estado consciente. Rituais com fogos, danças, instrumentos arcaicos. Os xamãs usam até hoje ervas, poções e palavras para induzir o transe. Ninguém sabe ao certo quando a prática da hipnose teve origem, porém as pinturas egípcias nos templos dos sonhos retratam uma pessoa aparentemente dormindo com outros aplicando práticas de hipnose sobre ela. Além de registro em papiros com frases de indução.
James Braid (1795-1860) iniciou a hipnose científica. Cunhou, em 1842, o termo hipnotismo (do grego hipnos = sono) para significar o procedimento de indução ao estado hipnótico. Hipnose, hipnotismo, ficou logo claro, eram termos inadequados (não se dorme durante o processo). O uso, porém, já os havia consagrado e não mais se conseguiu modificá-los, remanescendo até à atualidade.
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O especialista em comportamento humano Felipe Okazaki relata que a hipnose pode ser descrita como um estado natural da mente, com algumas características:
- O estado de hipnose possui uma qualidade única de relaxamento mental, físico e emocional que não ocorre nem mesmo nos sonos ou em estado de efeitos a substâncias.
- No estado de hipnose, a sugestão, o direcionamento e as instruções são seguidos de forma natural. E há uma alta resposta sobre os comandos.
Hipnose e Consciência
Na hipnose, a pessoa não fica inconsciente, como muitos acham. Alguns mitos que devemos desmascarar é que a hipnose não debilita a mente, não causa dependência, não é causada por um hipnotizador, não é sonho, não é como dormir, não realiza milagres, não é regressão, não é efeito paranormal.
Outro importante profissional na área, o psicólogo Dr. Odair Comin, explica que esses fenômenos acontecem no dia a dia, por exemplo, quando alguém foca profundamente uma lembrança do passado, pode passar por um fenômeno hipnótico sem mesmo se dar conta.
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A hipnose de forma mais profunda se utiliza de técnicas para que o inconsciente trabalhe, tais como a própria postura corporal, o uso de objetos, ambientes adequados, música, sons. Como numa regressão, por exemplo, porém lembrando que hipnose não é regressão.
A hipnose pode ajudar a conduzir uma regressão: “A regressão nada mais é do que buscar na memória arquivos passados. E, para chegar a esse ponto, a hipnose pode proporcionar o relaxamento ideal para que o cérebro acesse esses arquivos”, revela Felipe Okazaki.
Quando a hipnose é indicada?
De acordo com Odair Comin, de um modo geral, tirando a esquizofrenia e as doenças mentais, a hipnoterapia tem ajudado nas questões emocionais, , como nos casos de depressão, bipolaridade, ansiedade, estresse, transtornos alimentares, impotência sexual, dependência, compulsão, distúrbios do sono entre outros.
Okazaki indica que a hipnose é uma ciência, portanto todos nós podemos aprender. Trata-se, na verdade, de um aperfeiçoamento da comunicação e não um fenômeno paranormal.
“Quantos desentendimentos temos por dificuldade de transmitir o que realmente sentimos? As técnicas de linguagem da hipnose podem nos ajudar.”
Benefícios terapêuticos
Segundo Okazaki, nas sessões de terapias, os psicanalíticas evitam ao máximo receitar remédios. Porém, em certos casos, eles se tornam um placebo e reforço para as técnicas de hipnose. Veja o exemplo:
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O psicanalista diz: “Tenho certeza de que após esta sessão e depois de tomar o seu remédio, sua mente irá trabalhar melhor, sua ansiedade passará e você irá acordar com disposição”.
No inconsciente do paciente, essa informação será processada assim: “Quando sair e tomar meu remédio, irei melhorar”.
Para Okazaki, o poder da sugestão criada é capaz de fazer a pessoa realmente melhorar. Por isso, nesse caso, esse procedimento é muito recomendado.
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MITOS
Outro mito que existe em relação à hipnose é: a pessoa nunca vai voltar do transe!
Comin revela que a possibilidade de uma pessoa não voltar do transe é puro mito, não tem como isso acontecer.
“Mesmo que o terapeuta morra na hora do transe, o máximo que pode acontecer é a pessoa entrar em sono profundo e depois acordar.”
CUIDADOS
“Tudo que se trabalha com a mente existe um risco e devemos ter conhecimento e cautela. Portanto, não tente executar práticas de hipnose sem acompanhamento profissional”, alerta Okazaki.
Ele ainda observa que na internet existem conteúdos que nada têm a ver com a hipnose e que podem trazer riscos pela má condução do tratamento. Comin também ressalta a importância da escolha de um bom profissional.
Fonte: Jornal Santuário de Aparecida
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