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Em Busca do Sentido da Vida

Sentido da Vida

Sentido da Vida

Por Odair José Comin

O sentido da vida é tão amplo quanto o próprio viver, e sem esse sentido a vida perde seu gosto, perde seu sabor, perde-se a vontade de viver, e abreviar a vida, torna-se uma constante. Não damos sentido à vida, mas sim o encontramos, isso, na medida em que o procuramos, e essa busca se faz presente quando há questionamentos, quando vamos em busca de resolver o que chamamos de dúvidas existenciais. Quem somos? Para que vivemos? Pelo o que vale a pena viver? Pelo o que vale a pena morrer? Cada Ser busca dentro de si uma resposta, um sentido. Vive-se, porque viver é um grande presente e não podemos dizer não à um presente. Vive-se, porque temos pais, esposas, filhos para prover. Vive-se, porque não cumprimos nossa missão. Vive-se porque é bom, é prazeroso; porque se é feliz; simplesmente vive-se… Morre-se pela liberdade, morre-se pela paixão, por amor, morre-se pelas crenças, de que há algo melhor depois da morte. “Mesmo o suicida busca a felicidade em seu derradeiro fim” expõe Sponville. Entretanto, busquemos aqui, razões para a vida, para viver.

Em diferentes momentos da vida, nos deparamos com limites, fronteiras que se impõe a nossa frente como gigantes. Por vezes enfrentamos, vamos além, por vezes paralisamos ou mesmo recuamos. É a vida nos proporcionando desafios, nos proporcionando motivos para nos surpreendermos conosco mesmos. Surpreende-se aquele que para, por nunca ter parado; surpreende-se àquele que anda, por nunca ter andado. Surpreende-se aquele que vê, e sente-se capaz de fazer, o que antes não fazia. Surpreende-se aquele que cansado de recuar, enfrenta seu medo com coragem. A vida é uma grande roda, e ela não para antes de chegar ao seu destino, em suas voltas, o Ser Humano se descobre e por vezes se cobra de querer algo mais: um sentido para esse rodar.

Valores que dão sentido à vida

Viktor Frankl, foi criador da Logoterapia, muito escreveu e falou sobre o sentido da vida. Frankl chegou a três categorias de valores, que podem estar possibilitando a descoberta de sentidos para a vida. São eles, os valores criadores, vivenciais e de atitude:

Criadores: Os valores criadores estão ligados ao trabalho, a ação, a produção de algo. Proporcionando ao indivíduo a possibilidade de sentir-se útil e ser preenchido por uma atividade que lhes traga prazer e satisfação para si próprio, e para os seus. Muitas vezes, as pessoas estão fora do mercado de trabalho e por isso sentem-se inúteis, perdem o sentido da vida. Idosos que não se prepararam para a aposentadoria sentem-se inúteis, não veem gosto e sentido para a vida, chega a doença e a possibilidade da morte para um vivente já sem razões de viver. Há que se buscar razões, sentido para que a vida tenha uma continuidade. Para ter continuidade, é necessário ter motivos, estes que nos permitem usufruir o presente com prazer e termos esperança quando em sofrimento.

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Vivenciais: Os valores vivenciais, são nossas experiências de vida, nossos momentos de plena satisfação, o alpinista que chega ao cume do monte, o universitário que chega à formatura, o viajante que chega em seu destino, a criança que ganha o presente tão esperado, o pintor que termina sua obra de arte, o camponês que colhe sua plantação, ou seja, aquele momento em que podemos dizer a nós mesmos: “que bom que estou vivo para presenciar esse momento!” Nesse instante, a vida nos parece cheia de sentido, rimos à toa pela vitória alcançada. É premente salientar, que o mais importante é o modo como vivemos a nossa vida, e como preenchemos o lugar onde estamos inseridos e se esse lugar nos preenche. Não importa o tamanho da nossa atuação ou conquista, mas sim, se conseguimos desenvolver nossas atividades de modo coerente e prazeroso. Se conseguirmos obter pequenas vitórias, provavelmente estas, estarão rodeadas de grande sentido para a vida. Como o garimpeiro que fica feliz mesmo com poucas quantidades de ouro, todos poderíamos ser garimpeiros da vida, separando o ouro das impurezas, o que é bom do que nos faz mal, e guardarmos apenas o ouro, e com este fazermos as mais belas joias, usufruindo ao máximo o que estas podem nos proporcionar, isto é, a própria felicidade.

Atitudes: Os valores de atitudes são as posturas que temos perante a vida: ativa ou passiva. Frente a um diagnóstico de câncer, por exemplo, podemos ter uma atitude passiva e desistirmos da vida, achar que ela realmente chegou ao fim, e que não há mais nada a se fazer, ou seja, a aceitação de uma morte por antecedência, uma desistência da vida antes de seu fim. Não há dúvidas de que desta forma, a vida realmente possa perder o sentido, e com isso seja abreviada. Talvez, nem tanto pelo câncer, mas sim pela postura frente a ele, a atribuição de um poder que é seu e a partir dai passa a ser da doença, juntamente com o veredicto de morte, apesar de tanto o júri quanto o juiz ser você mesmo. É como se a doença encontra-se um aliado, caminhando juntos para a autodestruição. Isso não só com o câncer, também no caso de uma depressão, baixa autoestima, desemprego, pânico, que podem trazer uma falta de sentido à vida. Ao contrário, aquele que possui uma postura ativa frente à vida, mesmo com um diagnóstico como os citados, encontrará um sentido para continuar vivendo e lutará pela sua saúde. Assim, poderíamos dizer que as pessoas com postura passiva, acabam por ir em direção à morte, enquanto as de postura ativa vão de encontro à vida.

A missão nossa de cada dia

Se pensarmos na vida como uma missão, temos sempre que levarmos em conta que esta missão é específica e única para cada situação e indivíduo. Segundo Frankl, “a missão não muda apenas de homem para homem, em consonância com o caráter único de cada pessoa. Muda também de hora a hora, em decorrência do caráter irrepetível de cada situação”. A missão pode ser uma viagem com um destino certo; com coordenadas de início, meio e fim. No caminho, estamos sujeitos à diferentes variáveis. Exemplificando, poderíamos comparar o homem a um aviador, o avião à vida, e a missão o aeroporto. Por vezes, o avião (a vida) é pilotado pelo aviador (o homem), por outras, o aviador não tem controle e precisa ser conduzido por radares até seu destino. Há que confiar na vida, em nós mesmos e no outro. Chegando no aeroporto, a missão foi realizada, e independente do que aconteceu pelo caminho, o homem estava lá e fez parte do processo. Conduziu e foi conduzido, uma dança entre o homem, a vida e as circunstâncias.

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É preciso concentrar-se o mais possível na vida, no viver, o fim é único como já sabemos, porém os caminhos são distintos e podem ser escolhidos no decorrer da vida, escolhidos a todo o instante. Alguns caminhos não têm volta, isso quando a oportunidade de escolher já passou, quando o que queremos não mais existe ou está no passado, ou quando escolhe-se morrer. Entretanto, muitos caminhos podem ser mudados, precisamos de aceitação para compreender e ressignificar o velho e coragem para buscar o novo. A todo o momento, a vida nos coloca uma missão para ser realizada. Acordar de manhã e abrir os olhos para um novo dia, eis uma grande missão a ser cumprida. A vida é feita de pequenas missões diárias, todas elas carregadas de sentido, e trazem embutidas em si, a possibilidade de dor ou prazer, de tristeza ou alegria, de fracasso ou sucesso. A oportunidade de aprender com a experiência ou de se lamentar. A soma dessas pequenas missões, determinará a grande missão em nossa vida: ser feliz.

A felicidade não é um fim a ser alcançado, a felicidade é uma constante a ser vivida e para isto basta ter razões. Cada missão realizada, independente do seu resultado, poderá resultar em felicidade, depende como cada indivíduo encara o fato. Por exemplo, duas pessoas são demitidas da empresa. Um poderá encarar o fato como um fracasso, se desesperando com o acontecido, ficando muito decepcionado e triste. O outro, acaba por sentir-se feliz porque percebe o quanto aprendeu na empresa, e como esta foi importante em sua vida, além de voltar-se para o futuro, vendo a possibilidade de diferentes portas se abrindo. Para o “fracassado”, o fato passou sem sentido, já para o aprendiz, a vida sempre oferece uma nova possibilidade, um novo sentido.

Não quero dizer que não podemos ficar tristes, frente a fatos extremos e que nos causam dor como as perdas. É preciso sim, vivenciar também a dor, pois mesmo nessas situações é possível aprender, e isso poderá nos trazer uma ponta de felicidade. Essa é uma pergunta que podemos nos fazer sempre: “o que eu aprendi ou estou aprendendo frente a este fato que neste momento me causa dor?”. Assim, nenhum fato passará em branco, todos estarão carregados de sentido, a vida estará carregada de sentido, as missões diárias terão sentido, o indivíduo terá motivos para continuar vivendo e assim aprendendo a viver ainda melhor.

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Facilmente podemos encontrar no consultório, pacientes que digam: “minha vida não tem sentido, não vale a pena viver!”. É como se sua vida realmente nunca tivesse tido razões de ser. Indivíduos que não veem sentido na vida, porque tiveram ou têm uma vida miserável, pais violentos, rígidos, repressores, alcoólatras, separados, desprovidos de afeto, distantes, pais que rejeitaram, que foram ignorantes, enfim, a lista se estende. Com isso, crescem e vivem desprovidos de uma vida com prazer. A dor e o sofrimento psíquico os acompanham lado a lado, a felicidade parece algo tão distante que já não é mais buscada. Para as pessoas que viveram em campos de concentração na segunda guerra mundial, talvez fique mais difícil perceber que a vida ainda tinha algum sentido, por isso paravam de buscar. Para as crianças que nasceram e cresceram em meio à guerra ou após a bomba de Hiroshima e Nagasaki; ou nos arredores da usina nuclear de Chernobyl, para esses indivíduos não é tão fácil encontrar um sentido na vida, uma missão. Todavia, muitos encontram, e mesmo em meio a essas condições sub-humanas, possuem esperanças e procuram extrair ao máximo o “mínimo” que a vida lhes oferece.

Digo que a primeira missão de um homem sem missão, é encontra-la. É descobrir o que ainda há por ser feito, que poderá lhe mostrar o quanto vale a pena viver. A exigência diária está repleta de sentidos, de missões a serem alcançadas. O presente é o maior presente que a vida pode nos dar. O segundo em que você se encontra, este poderá fazer toda a diferença. Não importa o quão decadente possa ter sido o passado, o “destino” pode ser mudado a todo o instante, a cada segundo. A vida está sempre nos oferecendo novas oportunidades, é preciso estarmos atentos, pois a vida também espera algo de nós, é preciso retribuir. A chuva que caiu hoje não mais voltará a cair, a próxima já será outra, nem tão pouco sabemos quando cairá novamente. É preciso estar de braços abertos para recebe-la. É preciso estar com o terreno pronto e a semente para ser plantada. É preciso estar preparado para as oportunidades. É preciso estar preparado para cada missão.

Eutanásia, Suicídio, Suicídio Postergado e Morte

A vida não é senão permeada por dor e prazer, felicidade e sofrimento, esperança e desespero, e o sentido pode ser encontrado em cada uma dessas situações. A roda da vida não para, nossa busca é por estar o maior tempo possível de posse do prazer, e o mínimo com dor, mas jamais tentar eliminar um ou outro, isso seria o não viver. Não precisamos morrer para saber o quão boa era a vida, por vezes, porém, é bom experimentar a dor, para depois valorizar e se deliciar com o prazer.

A morte nos destrói sem nos atingir, dizia Sponville, pois na presença dela já não mais existimos. O que nos atinge é a falta do bem viver, a falta do sentido. Assim não morremos aos pouco e naturalmente, porque somos mortais; morremos aos poucos, porque em vida, a vida nos falta. Se a eutanásia, assim como o suicídio são condenados, independente de como essa vida é vivida, no suicídio postergado, como o câncer, ou outras doenças de cunho psicológico, o morrer é bem aceito. Estes não deixam de ser suicídios disfarçados, matam aos poucos, porém aceitos socialmente. O suicídio postergado, não deixa de ser uma morte antecipada, motivado pelo desgosto à vida, pela falta de sentido. Não precisa ser uma doença “mortal”, ou seja, que “não tem cura”, pode ser o stress, depressão, pânico ou solidão, que não é uma doença, mas serve de caminho. Para estes que experimentam constantemente o sabor da morte, urge a necessidade de sentido, um sentido para suas vidas. E a qualquer momento é o momento de começar a busca.

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Sobre o suicídio, dizia Sponville, “que dizer quando nada mais há para dizer? E a quem, quando já não há ninguém para ouvi-lo? ” Pois quando há o suicídio, já não há mais o Ser, e sim a morte, uma morte voluntária, por escolha, uma abreviação da vida. Será o suicídio um ato de liberdade? Talvez sim. Porém, não é a morte que o indivíduo escolheu, já que esta era certa, escolheu sim viver menos. Mas, que glória há nessa liberdade? Provar a si e ao mundo que pode mais que a natureza, que pode mais que Deus? Todavia, as pessoas são movidas pelos porquês. E que motivos fortes teriam aqueles que escolhem abreviar a vida. Para suicidar-se dizia Frankl, o individuo deveria fazer um balanço de como foi a sua vida até então. Será que esse balanço é tão negativo a ponto da vida perder o valor? Também é verdadeiro o que expõe Sponville, “no suicídio não é a vida que a pessoa recusa; é o sofrimento; é a velhice, é a doença, é o isolamento… Não é a felicidade que ela despreza; é da infelicidade que foge”. Em contrapartida, o mundo está repleto de fontes de prazer, como poderia o suicida em potencial fazer com que todas essas fontes se exaurissem? E delas não usufruir nada. Como poderia não experimentar o prazer, por mais simples, por mais fugas que pudesse ser, e com a experiência perceber que a vida, além de tudo, vale a pena.

A eutanásia é a morte assistida e consentida. Será que o médico poderia se opor à vontade do moribundo que vê seu sofrimento chegar a extremos, e por conseguinte querer abreviar a vida? Será que o paciente está em sã consciência para escolher? Não seria o médico o defensor da vida e com o dever de usar todos os artifícios disponíveis para que a vida possa continuar, ajudando o paciente a perceber que ele ainda pode lutar pela vida? A morte pode ser o remédio para todos os males, mas seu efeito colateral é a ausência da vida, conquanto, a vida é tudo; a morte é nada. É claro que para situações extremas, dizia Erickson, medidas extremas. Mas que seja uma justa medida. Será justo trocar uma angústia, um sofrimento por mais extremo que seja, pelo nada? Abraçar a morte ou amar a vida com tudo o que dela faz parte. Cada um poderá exercer sua liberdade e fazer suas escolhas, depois disso, nada sobra senão o silêncio da morte ou o possível regozijo da vida.

Sentido interno e sentido externo

Na terapia, o paciente confessa que sua vida não tem e nunca teve sentido, e que só continua vivo porque tem um filho e uma esposa para cuidar. Outro, diz que sua vida também não tem sentido, mas que continua vivo porque seu pai morreu e precisa cuidar da mãe. Outra paciente, diz que tentou suicídio por não ver mais sentido na vida, pois perdeu o namorado que tanto amava. Exemplos como estes são comuns no consultório. Todos seguem a mesma toada. “Minha felicidade depende do outro; o sentido da minha vida é o outro”, ou seja, o sentido da sua vida está apenas na vida do outro. Não que o outro deva perder todo o sentido, o problema é quando não há nenhum sentido interno, nenhum sentido próprio de vida.

Na maioria das vezes as pessoas vivem de forma autômatas, e não percebem o emaranhado em que estão envolvidas, não tem consciência. Aquelas que buscam ajuda, foi porque perceberam que algo estava errado, que algo precisaria ser mudado. Isso, porque não vê mais gosto pela vida, perdeu o sabor, perdeu o prazer. Faz tudo pelo outro, nada para si mesmo. Percebe que esteve “fora do ar”, esqueceu-se de si mesmo, para passar o tempo lembrando-se do outro. Faz-se necessário colorir a própria vida, e essas cores devem partir de dentro para fora. Há que se ter motivos, que venham de encontro com as suas vontades, seus desejos e sonhos. Muitas vezes é necessário fazer uma reconstrução interior, tamanha a quantidade de destroços que ficaram em sua vida interna, tamanha dificuldade de sentir, se relacionar e amar.

Por outro lado, há aqueles que só conseguem perceber a si mesmos, são extremamente individualistas, até perceberem que não são uma ilha e que vivem em sociedade, ai entram em crise. Descobrem que não se bastam a si mesmos, e que também precisam do outro para viverem melhor. Deve-se, portanto, buscar o equilíbrio entre o sentido interno e o externo, para que haja uma harmonia entre o ser e o mundo que o rodeia.

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O amor e o sentido da vida

Nosso desenvolvimento psíquico desde o início da vida, será tão mais saudável, quanto mais tivermos sido educados num ambiente provido de afeto; de amor. No decorrer do tempo, o esperado é que esse sentimento vá ocupando um espaço cada vez maior em nossa vida. Não poderíamos falar do sentido da vida, sem falar do amor, este, que por muitos momentos, carrega nossa existência de sentido. Para Platão, “o amor é o desejo de possuir o que é bom, o que é belo”. De posse do bom e do belo, nos satisfazemos, e a vida acaba por ter um gosto adocicado.

O amor talvez seja a gênese de tudo aquilo que vivenciamos, direta ou indiretamente. Ter amor por aquilo que se faz, amor pelas pessoas ao redor, amor por aquilo que cultivamos internamente, amor à nós mesmos; autoestima. Tão maior será nossa autoestima, quão maior for a quantidade de conteúdos reconhecidamente amados em nós mesmos. Com isso, digo que é importante amar o amor, este que permeia toda a nossa existência, e a vida jamais deixará de ter sentido, para aquele que ama viver.

O encontro com o sentido

O sentido da vida, são os motivos que nos levam a crer que vale a pena viver. São os porquês nós pensamos, sentimos e fazemos, que trazem os significados do viver. Cada experiências saboreada, eis porque a vida vale a pena; eis porque a vida tem sentido. Não é o que, nem o como fazemos o que fazemos que determinará o sentido; é o porque. Já dizia Nietzsche, “quem tem porque viver aguenta quase todo o como”. Ou seja, o porque é o mais importante. Você pode estar em um trabalho que não gosta, mas precisa do emprego para sustentar a casa, o filho, a esposa; eis o porquê, e por isso enfrenta o como; por isso, o trabalho tem um sentido.

Para Frankl, “embora se trate de um só momento, pela grandeza desse momento já se pode medir a grandeza de uma vida… e um simples momento pode dar sentido, retrospectivamente, à vida inteira”. A terapia ou mesmo a autoanálise, deve ser realizada no presente e voltada para o futuro, confrontar o paciente com o sentido de sua vida e o reorientar para o mesmo, concentrar-se no sentido da existência humana, bem como na busca por este sentido. Muitas vezes, as pessoas podem ter com que viver, mas não tem o porque viver. Resumindo, há três possíveis caminhos que podem ser importantes para se chegar ao sentido da vida: 1) Criar um trabalho para ser feito, uma ação, uma missão; 2) Experimentar algo ou encontrar alguém para amar; e 3) Erguer-se acima de si mesmo, e transformar a tragédia pessoal em triunfo. A busca do sentido é a maior força motivadora no ser humano. O encontro com este sentido, a maior das recompensas.

Referências Bibliográficas

FRANKL, V. E. Em busca de sentido. São Paulo, Editora Vozes, 1991.
Psicoterapia e sentido da vida. São Paulo, Editora Quadrante, 1989.
PLATÃO. Apologia de Sócrates – O banquete. São Paulo, Martins Claret, 2000.
SPONVILLE, A. C. Bom dia, angústia! São Paulo, Martins Fontes, 1997.

Fonte: Revista Psicologia Brasil.

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