Entrevista com Dr. Odair Comin | Por David Bonis
Especialistas explicam como lado psicológico e outros interferem nas tentativas de emagrecimento
Quem se lembra de ter feito a promessa durante a virada de ano de que entraria numa dieta? No entanto, quem, desses mesmos que prometeram, não conseguiram tocar a dieta por muito tempo? Devido a diversos fatores, muitas pessoas começam uma dieta, mas não conseguem ir adiante. Contudo, é importante ressaltar que você não é o único culpado por isso. Fatores psicológicos, mercadológicos e outros interferem bastante.
Psicologia explica
De fato, aqueles alimentos gordurosos, que normalmente devem ficar fora da lista de quem se propôs uma dieta, são mais gostosos. Logo, as comidas naturais são menos atrativas para o paladar. O motivo disso, segundo o psicólogo clínico Odair J. Comin é a necessidade que os alimentos ricos em gordura e outras substâncias nocivas causam nas pessoas.
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“É como um vício, e quanto mais se come, mais se cria receptores cerebrais que necessitam e cobram esse tipo específico de alimento. Por isso a dificuldade, pois existe um hábito sedimentado e que impõe certos alimentos”, explica doutor Odair, que é autor do livro “Mestre das Emoções”.
Além desse quase “vício” em relação aos alimentos mais gostosos, há outro fator psicológico que interfere na manutenção da dieta: a compulsão alimentar. Doutor Odair explica que a compulsão se caracteriza por um descontrole na forma como o indivíduo se alimenta. “A quantidade ingerida vai além das necessidades reais do organismo. Por vezes, a compulsão só chega ao fim quando todo o alimento disponível tenha acabado”.
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É claro que o fato de você não conseguir manter a dieta não te caracteriza como compulsivo, por isso é importante lembrar as diferenças entre ambos. “A diferença principal é o limite que um possui e o outro não. Aquele que não consegue manter a dieta pode não se alimentar de forma saudável. Contudo, normalmente come dentro das necessidades do corpo. Já o compulsivo vai além de seus limites, sem controle da quantidade ou qualidade do alimento”, alerta Comin.
Nesses casos, o tratamento exige muito mais que dieta. Basicamente, o tratamento para compulsão alimentar consiste em psicoterapia.
Outros fatores
Além dos aspectos psicológicos, há outros que atrapalham bastante a manutenção da sua dieta. Já reparou que nas redes varejistas há muito mais opções de alimentos gordurosos que comida saudável? Essa é a interferência do mercado na alimentação das pessoas. Outro fator é o preço. Alimentos saudáveis tendem a ser mais caros, e isso afeta também o bolso do consumidor.
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Além do preço desses alimentos, a falta de tempo para se dedicar à dieta é uma queixa comum que a doutora Paula Pessin Fábrega, endocrinologista e pós-graduanda em obesidade, mais ouve no consultório.
“A queixa mais comum é falta de tempo para fazer as refeições. O intervalo entre as refeições fica grande e a pessoa sente muita fome, exagerando na refeição seguinte”, conta doutora Paula. Ela aconselha a nunca proibir nenhum tipo de comida enquanto faz dieta. Se quiser comer chocolate, por exemplo, prefira o meio amargo. Se quiser comer pizza, peça uma com verduras e pouco queijo. “A proibição deve ser evitada justamente porque geralmente o proibido quase sempre é mais atraente”, explica a endocrinologista.
Para que sua dieta tenha sucesso, ela sugere que se estabeleça uma rotina de alimentação, anote tudo o que for ingerido, que não fique mais que quatro horas sem comer, diminua uma pequena quantidade de alimentos por semana, faça atividades físicas e procure ajuda de especialistas.
Fonte: Jornal do Trem.
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