A influência da TV nos telespectadores
Entrevista sobre a influência da TV nos telespectadores com *Dr. Odair J. Comin concedida ao Portal canal da Imprensa para o jornalista Daniel Moreno.
1. Em geral, por que as pessoas estão se preocupando mais com a saúde, hoje, do que antes?
OJC: Acredito que em partes é pela democratização da informação. As pessoas cada vez mais tem acesso ao conhecimento e isso dá a possibilidade de fazer escolhas, e neste caso, escolhas saudáveis. Também o fato de que na medida em que há um aumento no poder aquisitivo, as pessoas podem cuidar mais da saúde. Saúde sempre foi como que um privilégio dos mais abonados, hoje já é mais acessível, o que faz com que um maior número de pessoas possa ter hábitos saudáveis, e se proporcionar o que é mais saudável.
2. Os programas de TV têm a capacidade de influenciar o telespectador psicologicamente a ponto de decidirem mudar de hábitos? Como e por quê?
OJC: Sim, para o mundo moderno, desde a invenção da imprensa e os veículos que depois se somaram, ampliaram gradativamente o poder de dirigir escolhas e hábitos. Isso porque, somos seres influenciáveis e gostamos de pertencer a algo: grupo, tribo, comunidade, e as redes sociais estão ai para nos provar. Principalmente depois do advento da propaganda, o ser humano condicionou-se à repetição, ou à vida inautêntica, como dizia o filosofo alemão Martin Heidegger.
Ou seja, nos tornamos uma máquina reprodutora daquilo que vemos na TV. Esta que nos fala o que comer, o que vestir, o que ler, que carro comprar, que celular… Enfim, influencia drasticamente na maioria das nossas escolhas, tanto que temos dificuldade de dizer o que nós realmente pensamos ou queremos. Contudo, facilmente sabemos o que esta na moda e por isso pensamos e desejamos.
Tal herança advém de uma cultura pautada em religiões de massa, que nos ensinam a seguir, repetir e não a pensar por si mesmo.
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Aprendemos a seguir a multidão desde cedo, e tendemos a continuar seguindo todas as multidões que vemos pela frente. Porque se a maioria faz é porque é bom. Mas é claro que nem sempre isso é verdadeiro. A maioria significa que dentro de um determinado número de pessoas, há mais que acreditam em algo. Isso não prova que é verdade nem que é bom. Contudo, as pessoas tendem a acreditar que sim, e por isso seguem. As pessoas não querem estar sozinhas em suas crenças, pois dependem do outro para serem autenticadas, reconhecidas e valorizadas.
A tarefa de nos tornarmos autênticos, é hercúlea, pois tudo ao nosso redor brada incessante sobre como devemos viver nossa vida. O preço disso é que por vezes passamos a vida sem ouvir nossa própria voz, ou experienciar nossos verdadeiros desejos.
3. Em que intensidade os telespectadores podem ser influenciados?
OJC: O telespectador não chega “virgem” quando liga a TV, eles já possuem diferentes conjuntos de crenças. Estes que já foram instaurados do decorrer da vida por outros formadores de opinião. Essa intensidade normalmente ocorrerá de acordo com o quanto ele estiver aberto à novas verdades, ou a fazer novas escolhas. Dependerá do quando ele pode e quer comprar do que estão lhe propondo. Ao mesmo tempo, em termos de reprodução daquilo que ouve e vê, por vezes é maior. Ele facilmente se torna um multiplicador do conteúdo proposto pela TV, o que o torna um emissário bastante eficaz. Vemos ai a influência indireta que o meio de comunicação também têm, o que por vezes alcança seu objetivo de qualquer forma, direta ou indiretamente.
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4. A mudança de hábitos provenientes dessa influência atinge, em média, que classe de pessoas? Ou, que tipo de pessoas?
OJC: Atinge todas as classes sociais, cada uma com seu poder aquisitivo específico. Mas influenciará principalmente aqueles que precisam da aprovação do outro para tomar suas decisões. Se eu escolher algo que está na moda, mais facilmente serei aprovado.
O que muda em algum sentido, é para as pessoas que se questionam mais, e isso podemos encontrar em todas as classes. Aquele que se pergunta: será que é isso mesmo? Realmente preciso disso para ser feliz ou reconhecido? Isso diz respeito a mim? Diferentes questionamentos que põe em cheque as verdades que os meios de comunicação tentam nos vender todos os dias.
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5. As regras de beleza que a mídia aplica podem ser um auxílio ao aumento de audiência desses programas de saúde, devido à preocupação dos espectadores com o estilo de vida e o corpo?
OJC: Na medida em que se impõe um padrão, um ideal. Mostrando que isso é o que é belo e bom, as pessoas tendem a querem alcançar. Quando a influência objetiva não apenas a venda, mas também informar e formar o telespectador, para que trabalhe a seu favor, isso é positivo. Isso mais no sentido do que é saudável e bom para a pessoa, e menos no sentido de ideal de beleza. Pois este, normalmente é extremamente seletivo e por vezes inalcançável para a maioria das pessoas. O que torna tal imposição algo nocivo e perverso, pois gera sofrimento e falsas expectativas.
Por outro lado, tais programas estão na moda, e por isso são seguidos, não sei até que ponto estão mais preocupados com a saúde de si mesmos, ou preocupados em se manter na moda. Se for apenas para armazenar tais informações e poder reproduzi-las nas rodas de amigos ou nas redes sociais. Então, continuarão como estão e isso não terá o impacto que deveria ter. Que é a real mudança de hábitos com escolhas mais saudáveis.
Com tantas formas de se transmitir e adquirir informações, tornou-se quase como uma obrigação as pessoas saberem de tudo. Se não sabem estão fora, existe a voracidade por novidade. As pessoas precisam saber de tudo o tempo todo, isso faz com que não se aprofundem em nada. Simplesmente pulam de uma novidade a outra, esquecendo facilmente a anterior, como se nunca tivesse existido. Degustar, aprofundar não são as palavras da moda e sim consumir, voraz e incessantemente. Escolhas perenes, vida perene.
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6. Há alguma faixa etária da vida em que as pessoas se preocupem mais com a saúde?
OJC: Normalmente quando já não mais a tem. O ideal é que se preocupassem por toda a vida, a começar pelos pais que deveriam passar isso aos filhos e estes depois continuar ad eternum. Contudo, o que podemos observar hoje é que o jovem supostamente se preocupa com a saúde, mas na verdade sua preocupação mesmo é com a estética. Então podemos dizer que as pessoas da terceira idade, em que a estética deixou de ser o objetivo principal, preocupam-se mais com a saúde, porque ela normalmente lhes falta, e por isso o valor dado a saúde é maior.
O que em contrapartida, no jovem a saúde é mais abundante, e por isso é colocada em segundo plano. Na maioria das vezes, as pessoas não conseguem enxergar muito além do presente. Prevenção, profilaxia, não fazem parte do vocabulário de objetivos, o que é um grande equívoco. É preciso cuidar da saúde quando se está saudável, pois quando ficar doente, tudo o que pode fazer é cuidar da doença. É uma mudança de conceito que deveria ser observada e praticada por todos e em todas idades.
*Dr. Odair J. Comin
Psicólogo Clínico, Especialista em
Hipnoterapia e Escritor.
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