Compulsão Alimentar | Entrevista com Dr. Odair Comin
Entrevista sobre Compulsão Alimentar com *Dr. Odair J. Comin concedida ao Jornal do Trem para o jornalista David Bones.
1- O que é compulsão alimentar e quando ela acontece?
OJC: A compulsão alimentar se caracteriza por um descontrole na forma como o indivíduo se alimenta. A quantidade ingerida vai além das necessidades reais do organismo. Por vezes, a compulsão só chega ao fim quando todo o alimento disponível tenha acabado. O vício do compulsivo é a intemperança, não é uma questão de fome, há mais comida que fome, o que o leva a comer sem vontade. Mesmo assim não se satisfaz.
Normalmente aparece em momentos de ansiedade e mesmo depressão. Em tais momentos, a vulnerabilidade é maior. Por outro lado, a simples disponibilidade do alimento pode ser suficiente para o descontrole.
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2- Quando uma pessoa pode ser diagnosticada como compulsiva? Há tratamento?
OJC: No momento em que, mesmo tendo se alimentado o suficiente, e já não tendo mais fome, a pessoa continua comento. Isso mostra o descontrole, a compulsão. O que invariavelmente leva a um ganho de peso rápido.
Sim, o tratamento é sempre uma possibilidade, e por vezes necessária para superar a compulsão. Este consiste em psicoterapia. Inicialmente faz-se um mapeamento para identificar a história de vida do paciente e a história da compulsão. A partir dai, é possível identificar as possíveis causas e iniciar o tratamento visando a solução, a mudança de hábito.
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3- Qual a diferença entre um compulsivo e uma pessoa que apenas não consegue manter a dieta alimentar?
OJC: A diferença principal é a temperança, o limite que um possui e o outro não. Aquele que não consegue manter a dieta, pode não se alimentar de forma saudável. Contudo, normalmente come dentro das necessidades do corpo. Isso pode o leva a um aumento de peso pela escolha dos alimentos e não pelo excesso. Já o compulsivo vai além de seus limites, sem controle da quantidade ou qualidade do alimento.
4- Por que uma pessoa não consegue manter uma dieta?
OJC: Alimentos ricos em gordura ou carboidrato, acabam por gerar uma necessidade. É como um vício, e quanto mais se come, mais se criar receptores cerebrais que necessitam e cobram esse tipo específico de alimento. Por isso a dificuldade, pois existe um hábito sedimentado e que impõe certos alimentos. Dirigir-se para uma alimentação saudável é considerado “difícil”. Para ele é difícil, porque compara com o que é conhecido e por isso mais fácil. Podemos dizer que a acomodação, a inércia, força ao caminho conhecido. Para mudar é preciso esforço, novos pensamentos e atitudes. É preciso estabelecer objetivos fortes que lhe sirvam de motivação para mudar.
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5- Por que tem-se a ideia de que os alimentos saudáveis, propícios para as dietas, são ruins? Há alguma ligação entre a ideia de que o que é proibido é mais gostoso e isso de certa forma faz com que as pessoas prefiram os alimentos menos saudáveis?
OJC: Sabemos que alimentos ricos em gordura e industrializados, trazem sensações mais aprazíveis. Ao mesmo tempo, a alimentação apresenta-se como um comportamento cultural. Uma aprendizagem desenvolvida desde a infância. Se desde criança somos incentivados e apresentados a uma alimentação saudável, é provável que a identifiquemos como boa, prazerosa, saborosa. Além dos valores emocionais que associamos à comida e que também nos traz prazer.
6- Qual sentimento gera no indivíduo que não consegue manter a dieta?
OJC: O mais comum é a frustração, pois normalmente foram várias as tentativas sem resultados positivos. Ao mesmo tempo, o sentimento de culpa por não conseguir.
*Odair J. Comin
Psicólogo Clínico, Especialista em
Hipnoterapia e Escritor.
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