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Autoestima | Entrevista com Dr. Odair Comin

Arauto Felicidade

Arauto da Felicidade

Entrevista sobre Autoestima *Odair J. Comin concedida ao site O Estado RJ à jornalista Letícia Iambasso.

1) As pessoas que passam por cima de sua vontade para realizar a de outras pessoas, conseguem viver bem?

OJC: R. Se pensarmos que isso é prazeroso pra quem faz, poderíamos pensar que este teria um ganho. Dai pensar que ele é feliz ou vive bem com tal “imposição” seria imprudente. Destaquei imposição, pois é isso o que acontece, é uma obrigação que a pessoa coloca a si mesmo. Como uma necessidade de agradar. E tudo o que se faz por dever não se faz por amor, o que não leva ao bem viver. Normalmente, essas pessoas se colocam em lugares onde não gostariam de estar, sim onde outros querem que esteja. Isso é frustrante e por vezes humilhante. Mas o desejo de ser aceita, faz com que supervalorize o outro e diminua a si mesmo. Motivado por insegurança, medo da rejeição, falta de confiança em si e baixa estima. Portanto, o mais provável é que não seja prazeroso viver de tal forma.

2) Quais são as consequências disso?

OJC: R. A pessoa torna-se refém do outro. Tudo o que pode ser amado está no outro. E ela sente-se vazia, não merecedora, incapaz. A sua existência depende do outro dizer que ela existe. Suas escolhas e decisões são pautadas no julgamento do outro. E como ela nunca sabe exatamente o que agradará o outro, invariavelmente se frustra. Pois, a bem da verdade, o que o outro irá pensar sobre seus atos depende dele e não de você. Ele pensará a partir da realidade dele, que é diferente da sua, a dissonância é o que há de mais certo. Mesmo assim, temos essa pretensão de que conhecemos o outro e sabemos como agradar. É um salto no escuro, pois o julgamento do outro muda conforme seus próprios humores.

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3) Quais são os principais motivos que leva uma pessoa ter medo de desagradar o outro?

OJC: R. Cada indivíduo terá sua história, mas normalmente os motivos estarão em sua formação. Podemos pensar que o primeiro contato social que temos é com nossos pais e familiares. A constituição de nossa identidade e personalidade dai advém:

4) Existe tratamento?

OJC: R. Sim. Tudo o que somos aprendemos a ser e acreditamos que essa é uma boa forma de ser. A Psicoterapia tem o objetivo de prover o indivíduo com novas aprendizagens. Novas crenças, novas verdades. Verdades estas que lhe façam bem. Não irei questionar as verdades de meus pacientes, mas a pergunta que farei é se essas verdades lhe fazem bem. Porque se não fizerem, então não são boas verdades para ele, e por isso a necessidade de mudar.
Inicialmente faço um mapeamento ou anamnese sobre a história de vida do paciente, a partir disso, é pode-se identificar as possíveis causas. Fazer o diagnóstico e então a intervenção em si, visando às novas aprendizagens, novos comportamento e consequentes mudanças.
Fazer o bem a si, ao outro e a natureza. Na medida em que esse tripé for respeitado, as chances de suas ações serem bem aceitas serão maiores e todos saem ganhando.

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5) Em qual frequência isso ocorre?

OJC: R. Nem sempre os paciente buscam especificamente para essa questão. Contudo, normalmente ela está presente em larga escala. Por vezes, nem se quer é percebido como um problema, pois a pessoa acha “normal” ter tal comportamento. Por vezes lhe faz mal, mas ela não associa a isso.
Normalmente está ligada a baixa-estima, insegurança, depressão, síndrome do pânico, ansiedade, distúrbios sexuais, entre outras.

*Odair J. Comin
Psicólogo Clínico, Especialista em
Hipnoterapia e Escritor.

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