Dèjá Vu
Por Ivanilde Sitta
O déjà vu, termo francês que significa já visto, é mais comum do que se imagina.
Pode ter acontecido com você. Sem mais nem menos, vem aquela sensação estranha de já ter visto ou vivido uma cena ou situação que, até onde sua memória alcança, é total e seguramente nova. Essa impressão, denominada déjà vu pelo pesquisador Emile Boirac, pode acontecer com qualquer um, principalmente quando estamos cansados, estressados ou fatigados. Normalmente, ela vem acompanhada de uma forte emoção que pode despertar os mais diversos sentimentos, positivos ou negativos. Apesar de comum, já que dois terços da população experimentaram essa situação alguma vez, seu mecanismo de ação ainda não foi totalmente desvendado. Portanto, chovem teorias que tentam explicar o fenômeno, capaz de deixar muita gente intrigada e com a pulga atrás da orelha.
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Para Li Li Mim, médico e professor de neurologia da Universidade de Campinas, os episódios de déjà vu são resultados de uma breve alteração no processamento da memória, que segue um circuito neuronal complexo – como se fosse uma rede de transmissão elétrica intrincada – ainda não totalmente conhecido. Segundo ele, essa “pane” no processamento da memória pode ocorrer em casos de fadiga, hipoglicemia, privação do sono e também epilepsia. “As epilepsias do lobo temporal podem ter manifestações clínicas (crises) com sintomas de déjà vu”, exemplifica o especialista.
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“Todo mundo está sujeito a esses episódios, que nada mais são do que um dos sinais de cansaço do sistema nervoso”, acrescenta o médico Arthur Guerra de Andrade, professor titular da disciplina de Psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC. De acordo com especialistas, pessoas com tendências progressistas estão mais sujeitas a essas experiências do que as conservadoras, da mesma forma que aquelas que viajam muito têm mais chances de viver tais sensações. Sem contar também que a probabilidade em jovens é maior do que em idosos.
Mil e uma teorias
Para Odair José Comin, psicólogo especializado em hipnose, o fenômeno pode estar ligado a uma memória que não foi codificada pelo cérebro de forma clara. “No caso de rever ou reviver novamente a situação, estamos falando de um fato real, mas que o cérebro não identifica como tal, pois temos apenas uma vaga lembrança”, esclarece o profissional, ao acrescentar que o déjà vu também pode estar associado a pseudo-memória, ou seja, memórias falsas que as pessoas vão criando no decorrer no tempo. Pode ser um sonho, uma história ou uma fantasia de infância que aceitamos como verdadeira com o passar dos anos. “Nesse caso, a sensação não se basearia em um fato real, mas numa criação da mente”, sugere o psicólogo Odair.
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Mas há outras teses sobre o assunto. Pode ser que a sensação seja real e completamente nova, mas a liberação de neuroquímicos no cérebro acione determinadas conexões que causam estranheza, levando o indivíduo a pensar que já viu o que está vendo. “Isso é comprovado pelo fato de esse fenômeno ser constante em pacientes psiquiátricos e às vezes preceder crises de epilepsia do lóbulo temporal”, observou o especialista em hipnose. Segundo ele, essas experiências podem causar perturbação, principalmente no caso de a pessoa não conseguir fazer nenhuma ligação entre o que está vendo e o que aconteceu no passado.
Muitas vezes, esses fatos ocorreram numa infância remota e, por isso, há dificuldade em associar com a realidade, pois a sensação de já ter visto, no caso de uma memória, é porque realmente aconteceu. Só que a mente não consegue chegar a essa conclusão, abrindo brechas para inúmeros questionamentos e mesmo levando a pensar em fenômenos paranormais, clarividência ou vidas passadas.
Da psicologia à teoria de vidas passadas
O assunto é capaz de gerar mil e uma teorias. A escola freudiana de psicologia ou psicanálise, por exemplo, considera o dejaísmo em geral um mecanismo de defesa inventado pelo subconsciente a fim de evitar o medo gerado por determinadas situações críticas. Seja como for, o certo é que há quem acredite que o déjà vu nada mais seja do que fatos acontecidos em outras vidas.
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Pesquisadores nessa área acreditam que o espírito sobrevive à morte física e que nosso inconsciente armazena experiências e sentimentos ao longo de vidas sucessivas. Então, num determinado momento, o inconsciente, despertado por uma visão, palavra ou algum outro fato relevante, traz ao consciente essas memórias, provocando o fenômeno da sensação de ter vivido exatamente aquela situação. Como nem sempre o inconsciente separa o passado do presente, ficamos com a impressão de que o fato refere-se à vida atual.
Fonte: Revista Coop.
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