Cuidados com o Uso de Medicamentos | Entrevista com Dr. Odair Comin
Entrevista sobre o cuidado que devemos ter com os medicamentos com *Dr. Odair J. Comin concedida ao Portal Vila Mulher para a jornalista Stéfane Braga.
1 – Por que as pessoas estão cada vez mais dependentes de antidepressivos e ansiolíticos?
OJC: De forma geral, as pessoas querem resultados rápidos e sem esforço. A facilidade com que o fármaco, pode devolve o colorido e a tranquilidade da vida é extremamente sedutor. O pensar sobre as razões, os porquês de tal condição, dá trabalho, impõe mudança de hábitos, repensar suas escolhas, rever seus objetivos. É uma tendência das pessoas preferirem a fantasia, a magia, do que a realidade.
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2 – Essa dependência ocorre pelo fato de que está mais fácil o acesso a psiquiatras (planos já cobrem) ou as pessoas estão buscando mais entender o que acontecem com elas mesmas?
OJC: Ambas as alternativas são fatores que colaboram. O acesso maior às drogas lícitas é um bem e é um mal. Pois na medida em que se usa de forma indiscriminada, criam-se viciados. E viciados deixam de lado a razão, quando ela deveria ser o guia principal. As pessoas estão sim, buscando se conhecer mais, se entenderem, mas geralmente não são as mesmas que buscam os remédios. Pois este é o caminho mais curto, e é indiferente ao autoconhecimento, ou às razões pelas quais se chegou à depressão. Aqueles que buscam saber o que realmente acontece buscam a psicoterapia. Também querem resultados rápidos, mas sabem que não há mágica, e por vezes o equilíbrio requer um certo tempo e esforço. Além de optarem por um viver mais saudável.
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3 – Eles podem ser prejudicial á saúde?
OJC: Toda substância sintética teoricamente é um corpo estranho em nosso corpo. E basta ler as bulas para identificar as reações adversas ou os prejuízos que tal medicamento pode causar. É uma substância agindo sobre você, é como se você fosse um boneco manipulado pelo títere. Somando-se a isso, o fato de que todo medicamento interfere no funcionamento natural da química biológica. Que na medida em que vêm “gratuitamente” pela ingestão, o corpo reduz a produção, pois entende que não é necessário, pois está chegando por outras vias. Ai se cria o vício, pois o corpo criará a necessidade de que continue vindo gratuitamente. O caminho mais fácil é a escolha mais constante.
4 – Além do estresse, das questões femininas, quais outros motivos fazem as mulheres buscar ainda mais esses medicamentos?
OJC: Elas precisam estar bem, precisam mostrar que podem dar conta do que lhes é atribuído. Precisam mostrar que são fortes, capazes. Não podem fraquejar. Enquanto o mundo as bombardeiam, pressionam, exigem resultados, elas precisam estar lá, como se fossem inatingíveis, indestrutíveis. Ora, sabemos todos que tais heroínas só sobrevivem intactas no cinema. O medicamento é a poção mágica, é o tônico que pode trazer um alívio, que pode trazer a sensação de proteção, de que está tudo bem. Mas sabemos todos que se é o real o causador, está no real a solução. E fugir do real é como querer fugir da própria sombra.
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5 – Como a mulher pode ficar menos dependentes de medicamentos?
OJC: Uma mente saudável é capaz de produzir toda a química de que o corpo precisa. O medicamento só vem para ocupar uma lacuna criada, pela não observação de limites. Portanto, aprender a lidar com as emoções, ter mais consciência das escolhas que faz e suas causas. Identificar os limites que podem ser superados e os que dever ser respeitados. Tratar-se como uma mulher, e não como uma máquina. Diversificar seus prazeres, ter tempo pra si mesma, tornar-se amiga de si mesma. Não sacrificar o presente em prol de um futuro, por vezes incerto. Viva o presente de forma mais intensa, ele pode te dar muito mais do que imagina. O futuro apenas promete, enquanto o presente dá.
*Dr. Odair J. Comin
Psicólogo Clínico, Especialista em
Hipnoterapia e Escritor
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